02/Apr/2024
O pior momento da alta dos preços dos alimentos que turbinou a inflação neste início de ano já passou, afirmam economistas. O repique da cotação da comida no domicílio, que acumula alta de quase 3% em janeiro e fevereiro, de acordo com Índice Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, foi concentrado basicamente em produtos in natura. Isto é, aqueles alimentos vendidos na feira, como frutas, verduras e legumes. O aumento dos preços de alimentos perecíveis, comprados quase semanalmente, foi uma das hipóteses aventadas para a queda da popularidade do governo. O que pode explicar o descontentamento dos brasileiros é que o nível de preço da comida está em patamar elevado, por causa das altas que houve em anos recentes. Uma das explicações para o aumento dos preços foi o impacto do fenômeno climático El Niño na oferta de alimentos.
Como as safras dos alimentos in natura são curtas, com colheitas a cada 30, 40 dias, a perspectiva é de que a oferta se regularize e os preços recuem, à medida que as novas safras cheguem ao mercado. Em fevereiro, a alimentação no domicílio subiu 1,12%, acima do resultado da inflação geral que foi de 0,83%, segundo IPCA. Os preços de seis grupos de produtos in natura, no período, se descolaram da média da inflação no domicílio. A inflação do arroz com feijão fez acender o sinal de alerta no governo que procura alternativas para atenuar os impactos no bolso do consumidor e na sua imagem perante a opinião pública. No entanto, economistas veem pouca efetividade nessas ferramentas para resolver a alta de preços. Segundo a MB Associados, os instrumentos que o governo dispõe para atenuar a alta de preços dos alimentos não são muitos, e eles não afetarão os preços no curto prazo.
A discussão está chegando atrasada no radar do governo. A entrada da safra de verão vai trazer alívio dos preços pressionados pela chuvarada e calor excessivos que o El Niño provocou. É uma preocupação legítima, mas está um pouco ultrapassada. Apesar do recuo dos preços na ponta com as entradas de novas safras, a MB Associados alertou para o fato de o nível de preços dos alimentos hoje estar muito mais alto que no passado. Em 2020, por exemplo, a alimentação no domicílio subiu 18,2%; em 2021, a alta foi de 8,2%; e em 2022, houve um aumento de 13,2%. No ano passado, entretanto, houve um recuo de apenas 0,5%. "É como se os preços dos alimentos tivessem subido a montanha de carro e agora estão descendo a pé", afirmou a LCA Consultores. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.