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28/Mar/2024

Setor financeiro preocupado com riscos climáticos

A preocupação das instituições financeiras com os potenciais efeitos dos riscos climáticos sobre o Sistema Financeiro Nacional (SFN) cresceu entre 2023 e 2024, conforme a pesquisa de Estabilidade Financeira - Riscos Climáticos realizada pelo Banco Central. O levantamento é divulgado dentro do Relatório de Estabilidade Financeira (REF), que será publicado em maio, mas o Banco Central decidiu antecipar o boxe sobre assunto para esta quarta-feira 927/03), mesmo dia em que lançou uma consulta pública para receber contribuições sobre os requisitos quantitativos que devem ser observados pelas instituições na análise de riscos sociais, ambientais e climáticos. A pesquisa foi realizada entre 22 de janeiro e 8 de fevereiro deste ano. Das cem instituições convidadas (75 reguladas pelo BC e 25 pela CVM, Previc e Susep), 83 responderam (correspondendo a 77% dos ativos totais da amostra).

Os resultados apontaram que, embora o impacto relatado de eventos climáticos em 2023 tenha sido muito baixo nas instituições, os riscos físicos devem ganhar relevância em horizontes mais longos. A principal ameaça é o efeito decorrente da seca. O impacto esperado do fenômeno nos ativos das IFs, que já era estimado como alto em 2023, aumentou no horizonte de longo prazo. Menos da metade dos respondentes (42%) gerenciam riscos de transição, que são aqueles ligados à mudança para uma economia mais verde. Mas, tanto no caso de riscos físicos quanto de transição, as instituições avaliam que os efeitos sobre o sistema financeiro ocorreriam por meio da inadimplência. No caso dos riscos físicos, os três principais canais de transmissão estão ligados à perda de renda ou riqueza dos clientes: queda na produtividade de empresas por interrupção de negócios ou ociosidade de ativos; perda/redução da renda das famílias; e redução da produtividade do setor agrícola.

Em relação aos riscos de transição, os canais de transmissão principais para a inadimplência são o aumento de custos devido a políticas/regulação para economia de baixo carbono e barreiras de mercado devido a mudanças regulatórias e políticas internacionais. Os riscos climáticos físicos de maior severidade ameaçam a estabilidade financeira do SFN por meio do aumento da inadimplência e inflação. Os riscos climáticos de transição também ameaçam a estabilidade financeira por meio do aumento da inadimplência, originada pelos custos adicionais de adequação dos processos produtivos e dos modelos de negócio a novos requisitos legais e regulatórios. Em relação ao ano passado, a pesquisa mostrou que apenas 17 instituições relataram algum efeito climático, de 16 na pesquisa anterior. Entre aquelas que foram afetadas, o impacto em suas operações não foi relevante. Outro destaque da pesquisa é o aumento da abrangência de ações que as instituições estão adotando para mitigar os efeitos de riscos climáticos, mas com grande heterogeneidade dentro do grupo pesquisado.

As reguladas com pelo menos uma ação sobre o tema subiram de 67 para 80. O nível de maturidade, em uma média ponderada pelos ativos, passou de 0,25 para 0,29 entre os levantamentos de 2023 e 2024. O índice varia de zero a 1. O movimento de aumento do nível de maturidade médio entre 2023 e 2024 pode indicar uma adequação pelas IFs à regulação mais recente sobre o tema de riscos climáticos (primeira norma, de 2021). Em relação à recomendação das instituições ao regulador, houve destaque para a importância de se considerar a realidade brasileira na construção de cenários e definição de uma taxonomia verde voltados para a análise dos efeitos de riscos climáticos nas operações das instituições financeiras. Nesta semana, o governo criou um comitê para tratar da taxonomia brasileira. A disponibilização mais ampla de base de dados e a maior integração de reguladores também foi citada pelas reguladas na pesquisa do Banco Central. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.