21/Mar/2024
O dólar acelerou suas perdas e voltou a fechar abaixo da marca de R$ 5,00 nesta quarta-feira (20/03), depois que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) manteve sua taxa básica inalterada, além da projeção de que cortará os juros num total de 0,75% este ano. Projeções atualizadas do Fed mostraram que 10 das 19 autoridades do banco ainda veem a taxa básica em queda de pelo menos 0,75% até o final deste ano, uma visão mediana definida pela primeira vez em dezembro e mantida apesar da recente inflação mais forte do que o esperado. Alguns participantes do mercado temiam que o Fed alterasse suas projeções econômicas para antecipar um cenário de afrouxamento mais comedido em 2024, o que seria amplamente benéfico para o dólar, mas isso não se confirmou. O dólar fechou em queda de 1,14%, a R$ 4,97, depois de ter encerrado os dois pregões anteriores acima de R$ 5,00. A baixa desta quarta-feira (20/03) foi a mais intensa desde 3 de novembro do ano passado (-1,53%).
Segundo a Hantec Markets, o Federal Reserve forneceu referências claras a múltiplos cortes que poderiam atingir 75 pontos-base durante 2024 e outros 75 pontos-base durante 2025, situação que poderia incentivar um enfraquecimento na cotação do dólar devido ao menor valor intrínseco que isso propõe diante da maior abundância de dólares na economia e facilidade de acesso ao crédito. Aliviando ainda mais os mercados, o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que, mesmo com a força inesperada dos dados inflacionários recentes nos Estados Unidos, sua perspectiva para as pressões sobre os preços é relativamente estável. Ele frisou que o Fed não vai reagir exageradamente, nem ignorar, os últimos dois meses de dados. Para a B. Side Investimentos, não seria exagero dizer que, ao pontuar que o Fed não vai reagir em demasia a um dado específico, Powell minimizou a importância dos números recentes de inflação que, em sua maioria, trouxeram uma composição não muito favorável.
A leitura dos mercados às falas de Powell foi de que mesmo com os números de janeiro incomodando, o Fed continua com o propósito de cortar os juros assim que possível. Quanto mais cedo o Fed começar a cortar os juros, maior fica o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, e, quanto maior esse diferencial, mais interessante fica o Real para uso em estratégias de "carry trade". Nelas, toma-se empréstimos em país de juros baixos e se aplica esse dinheiro em mercados mais rentáveis, de forma que se lucra com a diferença de taxas. No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve voltar a cortar a taxa Selic em 0,5%, a 10,75%. Economistas estão atentos a possíveis mudanças na orientação da autarquia de manutenção do ritmo de cortes nas "próximas reuniões". Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.