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20/Mar/2024

Dúvidas sobre o ritmo da queda de juros no Brasil

Com um novo corte de 0,50% da Selic dado como certo na reunião desta semana do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, parte do mercado passou a avaliar se o Banco Central vai manter no “piloto automático” o ritmo atual de corte da taxa básica de juros nas próximas reuniões. A revisão de expectativas reflete um cenário de atividade econômica mais forte do que a esperada neste início de ano, com possíveis impactos na inflação. Na segunda-feira (18/03), o Banco Central divulgou o resultado do seu IBC-Br de janeiro. Lido como uma “prévia” do PIB (que é calculado pelo IBGE), o índice avançou 0,6%, o que levou alguns bancos a falarem em revisão de estimativa para o PIB. A maioria dos economistas ainda vê espaço para que o Copom mantenha a sinalização (ou “forward guidance”) de que haverá redução da Selic de mesma magnitude nas próximas reuniões, no plural.

Mas, um conjunto crescente de analistas já considera uma flexão da frase para o singular diante dos dados sobre a atividade econômica. Nesse caso, de junho em diante o ajuste monetário provavelmente seria mais lento, de 0,25%. Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, todas as 55 instituições consultadas esperam o quinto corte seguido de 0,50% da Selic nesta reunião do Copom, de 11,25% para 10,75% ao ano. Além disso, 80% das casas (44) ainda aguardam mais duas quedas do mesmo tamanho nos encontros de maio e junho. Outras 11 preveem alteração no ritmo de cortes na reunião de junho: dez (18%) para 0,25% e apenas uma para 0,75%. Segundo a G5 Partners, o Banco Central entra o ano de 2024 com uma economia, pelo lado da demanda, muito mais forte do que se esperava. Isso só reforça o cenário de que ele vai tirar o plural do ‘forward guidance’. É importante, num momento em que há várias dúvidas com relação à inflação e à atividade mais forte, ter graus de liberdade.

As surpresas de janeiro só vão indicar um cenário de atividade mais forte se forem seguidas por resultados melhores também em fevereiro. Mas, o aumento da incerteza sobre o timing de redução dos juros nos Estados Unidos também recomenda mais cautela na condução da política monetária doméstica, especialmente em um momento no qual a taxa Selic já caiu 2,5% desde o início do atual ciclo de cortes. Em sua última reunião, no fim de janeiro, o Copom tinha à mão apenas dados de atividade relativos a dezembro, quando a economia brasileira dava sinais de estagnação. Agora, segundo economistas, terá de reavaliar o forte crescimento das vendas do varejo ampliado e dos serviços em janeiro, ambos acima do esperado, assim como a criação de 180 mil empregos formais, também mais do que o previsto. Para o Banco BV, os últimos dados econômicos corroboram um cenário de economia mais forte, que poderia dificultar a convergência da inflação para o centro da meta, de 3%.

O IPCA resiliente, combinado à preocupação fiscal e à expectativa de turbulências no cenário externo, deve exigir que o Banco Central diminua o ritmo de cortes a 0,25% já em junho. Esses fatores não vão acelerar a inflação, mas vão tornar mais difícil para o Banco Central jogá-la para a meta. Isso significa diminuir o ritmo para 0,25% em junho, derrubar os juros nominais de maneira mais lenta, porque, como a inflação cai de maneira mais lenta, é preciso um juro real ainda elevado por um tempo. O Banco Fator diz que o Banco Central só deve indicar mais uma queda de 0,50% (em maio). O Copom precisa indicar um ambiente global mais desfavorável e surpresas positivas na atividade doméstica, bem como sinais de mercado de trabalho resistente à desaceleração da indústria e do agro, além de crescimento robusto da massa de rendimento, incluindo-se ou não as transferências do governo.

A Buysidebrazil tem avaliação diferente do atual cenário. Neste momento, o Banco Central tem incentivo para manter a comunicação atual, até porque uma mudança poderia causar um movimento do mercado indesejado. Não há razão para o Banco Central mudar o ritmo nem o ‘guidance’ neste momento. Fazer isso agora pode gerar um ruído e comprometer o fim do ciclo. O mercado poderia começar a precificar queda de 0,25% na próxima reunião do Copom. O Banco Central poderia perder graus de liberdade no manejo dos juros. A Azimut Brasil Wealth Management reforça que o melhor desempenho do crescimento econômico ainda não tem gerado aumento das projeções de inflação. Ao contrário, as revisões de inflação têm sido para baixo. A atividade será um problema para o Banco Central quando colocar empecilhos para alcançar a meta. Desde a última reunião, não parece ser o caso. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.