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20/Mar/2024

Florestas Plantadas contribuem para economia verde

Quando o mundo todo busca descarbonizar a economia, numa direção cujos exageros provocam reações muitas vezes radicais, como aconteceu nas últimas semanas com agricultores de diversos países europeus (levando governos a reduzir as pressões ambientais), chama a atenção uma atividade super importante do agronegócio brasileiro, que é o plantio e cultivo de árvores. Segundo a IBÁ, Indústria Brasileira de Árvores, que é a associação responsável pela representação institucional da cadeia produtiva de árvores plantadas, já temos no País cerca de 9,9 milhões de hectares de florestas com esse tipo de exploração, majoritariamente com eucaliptos e pinus, o que é uma área quase do mesmo tamanho de todos os canaviais cultivados no Brasil. Portanto, muito significativa! Esse setor já tem estocados 4,8 bilhões de toneladas de CO2 equivalentes, uma contribuição relevante no rumo da economia verde. Adicionalmente, as empresas que fazem esses plantios se responsabilizam pela conservação e manutenção de outros 6,7 milhões de hectares de matas nativas.

Essa atuação tem peso importante na economia do País. No ano passado, a produção de celulose superou 24,3 milhões de toneladas e foi o quinto item nas exportações do agronegócio, com 18 milhões de toneladas exportadas (com o valor de 14,3 bilhões de dólares) das quais 49% foram para a China, 24% para a União Europeia e 14% para a América do Norte. O faturamento total do setor chegou a R$ 260 bilhões. O que pouca gente sabe é que a madeira assim produzida, além de dar origem a celulose e painéis (que no ano passado chegaram a 7,1 milhões de metros cúbicos de painéis vendidos só no mercado interno), tem um sem número de aplicações, começando com o carvão vegetal para uso na produção de aço "verde". Destacam-se o uso para papel (inclusive o papelão ondulado), pisos laminados, viscose para roupas, emulsificantes, alimentos, embalagens e outros 5 mil bioprodutos. Cerca de 70% do papel aqui produzido é reciclado, uma atuação exemplar para a economia verde. Em 2023, a atividade gerou R$ 25 bilhões em tributos federais e estaduais. O segmento gera 2,6 milhões de empregos diretos e indiretos só nas 44 empresas ligadas à IBÁ e as 9 associações regionais.

Com isso, o Brasil é o nono maior produtor mundial de papel, atrás de China, Estados Unidos, Japão, Alemanha, Índia, Itália, Indonésia e Coreia do Sul. Mas é o segundo maior produtor de celulose, atrás apenas dos Estados Unidos. Tudo isso é muito bom, especialmente para a crescente bioeconomia, mas tem um tema pouco considerado: como as árvores plantadas têm um ciclo produtivo muito mais longo do que culturas anuais com grãos, ou semiperenes como cana-de-açúcar e frutas e mesmo a proteína animal, seu plantio funciona como uma espécie de "seguro de renda" no longo prazo para os produtores, e ainda terá uma função relevante quando o mercado de carbono estiver devidamente regulamentado em nível nacional e internacional. Nesse sentido, a integração lavoura/pecuária/floresta lançada pelo governo federal em 2005 tem uma bela contribuição na formação da renda de produtores rurais de todos os tamanhos e ajuda a melhor biodiversidade do País. Fonte: Roberto Rodrigues. Broadcast Agro.