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19/Mar/2024

Just Climate investirá em descarbonização no Agro

A firma de private equity Just Climate, criada pela gestora de Al Gore, a Generation Investment Management, e liderada no Brasil pelo empresário Eduardo Mufarej, quer levantar recursos para investir em negócios que reduzam as emissões de gases de efeito estufa no campo. Para isso, está desenhando uma estratégia que envolve aportes em empresas que forneçam produtos e serviços “verdes” aos produtores rurais, no curto prazo, e no impulso a projetos de restauração florestal no longo prazo. A estratégia foi apresentada em um encontro com jornalistas na sexta-feira (15/03) em São Paulo, onde a Just Capital instalou seu segundo escritório, além de Londres (Reino Unido). O brasileiro é responsável por liderar a estratégia de soluções climáticas naturais (NCS), que envolve negócios em agricultura e florestas, área conhecida no mercado de carbono como AFOLU. A Just Climate já atua em cinco empresas de soluções climáticas industriais (ICS).

Para os aportes já realizados, a firma levantou US$ 1,5 bilhão em uma rodada de captação que contou com recursos de fundos de pensão dos Estados Unidos e do Canadá, fundos soberanos asiáticos e family offices. E, para a estratégia de NCS, a firma quer fazer mais uma rodada de captação de recursos. O setor industrial e o setor agroflorestal são responsáveis juntos por 60% das emissões globais, mas recebem uma parcela menor do capital voltado para soluções climáticas. A proposta da Just Climate é atuar “onde as emissões estão”. E a agricultura representa um quarto do problema e um terço das soluções. Nessa estratégia, o Brasil não tem como ficar de fora, já que é o maior país agrícola. Por isso, a Just Climate escalou um time no escritório de São Paulo para prospectar e avaliar negócios “verdes” para o agronegócio no Brasil e em outros países em desenvolvimento, centrados no “Sul Global”.

As tecnologias que hoje muitos produtores rurais brasileiros já adotam em suas terras são produzidas nacionalmente, mas há dificuldades na distribuição, no acesso ao produtor e na competitividade no mercado. Há exemplos de indústrias que já têm soluções comerciais para uma agricultura “verde”, como o setor de bioinsumos e de agricultura de precisão, e já existem muitas soluções em desenvolvimento, mas falta ganharem escala. Diferentemente de outros investidores que atuam com soluções climáticas, a ideia da Just Climate é focar apenas em negócios verdes “nativos”. Ou seja, nada de apoiar fornecedores tradicionais do agronegócio, como grandes químicas que possuem negócios “verdes” em suas corporações, para não gerar conflito de interesses. Ainda que a característica “verde” seja fundamental, antes de tudo, é preciso que o negócio forneça ao produtor uma vantagem econômica, seja de redução de custos, seja de melhoria da produtividade.

A Just Climate vai focar em oportunidades que sejam boas para o produtor, para o clima e para o mercado. A expectativa é de que o primeiro investimento na área de NCS saia ainda neste ano. Para a escolha dos negócios, a empresa está contando com um aparato científico e de pesquisas acadêmicas para garantir que as soluções também façam sentido financeiro: “somos muito precisos e matemáticos”. A firma também tem em vista investir em projetos de restauração florestal, que está se tornando um alvo importante de investidores internacionais interessados em projetos que compensem emissões de setores de difícil descarbonização. Mas, esse caminho não é tão simples. Há um problema fundiário grave, principalmente na Amazônia. Além disso, é um ramo em que os investidores envolvidos até agora apostam em um preço futuro do carbono no mercado voluntário que ainda não se provou. Essa é uma indústria que ainda precisa amadurecer e os aportes da Just Capital nessa área devem levar mais tempo. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.