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15/Mar/2024

Brasil cai no Índice de Desenvolvimento Humano

Após duas quedas, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil aumentou, passando de 0,754 para 0,760, patamar considerado elevado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), responsável pela divulgação do indicador, mas abaixo do registrado pré-pandemia. O IDH varia de 0 a 1. Quanto mais próximo o índice estiver de 1, melhor a pontuação do país. Antes da pandemia, o IDH do Brasil chegou a ficar em 0,766, mas houve queda diante dos impactos socioeconômicos da crise sanitária. Agora, o patamar voltou a subir, sobretudo por causa da melhora na expectativa de vida. Ainda assim, o País caiu duas posições no ranking global de desenvolvimento da ONU, passando de 87º, em 2021, para 89º, em 2022, dado mais recente disponível.

O Brasil fica à frente de outros países sul-americanos, como Colômbia e Equador, mas atrás de Uruguai e Argentina. A média do indicador na América Latina é de 0,763, levemente acima do brasileiro. O ranking é liderado por Suíça, Noruega e Islândia. Os Estados Unidos aparecem na 20ª colocação, enquanto a China surge na 75ª e a Índia, na 134ª. O IDH é uma medida do progresso a longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde. Detalhando, a expectativa de vida no País voltou a subir após a pandemia, passando de 72,8 anos para 73,4. A renda per capita também aumentou no mesmo período, de US$ 14.379,00 (R$ 71.895,00) para US$ 14.615,00 (R$ 73.075,00). Mas, a expectativa de escolaridade (em anos de estudo) ficou estagnada em 15,6.

Para a FGV Social, a pandemia deve entrar na conta. O Brasil foi pior que o mundo. Provavelmente, as reações do País à pandemia não foram as melhores, com vacinação lenta, escolas fechadas, entre outros problemas. Para o Escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD, o Brasil está inserido em um contexto mundial. Não foi só por causa da pandemia que houve queda no ranking geral. A organização aponta que há recuperação global, mas ainda de forma desigual e afetada pela “polarização política”. Outros elementos considerados no trabalho da ONU são a desigualdade e o ambiente. Se fosse considerada a desigualdade de gênero, porém, a projeção é de que o Brasil cairia, ficando com 0,577. Já ao considerar o nível de emissão de dióxido de carbono, o valor do IDH iria para 0,702.

Além dos efeitos de aumento de temperatura e perda de biodiversidade, a ONU alerta que o aquecimento global pode alterar o padrão de exposição a doenças e infecções à medida que temperaturas mais quentes alteram a gama de insetos portadores de doenças. A citação vale para o mosquito Aedes aegypti, que causa epidemia de dengue em várias partes do País. Divulgado desde 1990, o relatório anual é uma das principais e mais influentes publicações da ONU. A polarização política e a fragilidade da democracia são tema central do relatório deste ano, intitulado “Superando o Impasse: Reimaginando a cooperação em um mundo polarizado”. Uma das principais conclusões é que os países mais ricos registram níveis recorde de desenvolvimento humano, enquanto a metade mais pobre do planeta avança a uma taxa inferior à de antes da pandemia.

Todos os anos, alguns países diferentes apresentam quedas nos respectivos valores de IDH; no entanto, 90% dos países viram o seu valor de IDH cair quer em 2020 quer em 2021, excedendo largamente o verificado na sequência da crise financeira (2008). O ano passado assistiu a alguma recuperação a nível mundial, mas foi parcial e desigual: a maioria dos países com IDH muito elevado registrou melhorias, enquanto a maioria dos restantes registrou declínios contínuos. O Escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD afirma que o que está acontecendo é que há um processo ao redor do mundo de alienação da população. Há uma pesquisa que mostra que, embora 90% da população mundial apoie a democracia, 50% das pessoas admitem que “apoiariam líderes que enfraquecem a democracia”.

Além disso, a queda do IDH mundial entre 2020 e 2021 não foi só por conta da pandemia. Os obstáculos oferecidos pela polarização na solução de problemas sociais e ambientais também pesaram. A polarização política envenena as colaborações doméstica e internacional. Um exemplo citado no documento das Nações Unidas foi a decisão de “tomar vacinas ou usar máscaras na pandemia”. Essa decisão era, em muitos casos, baseada mais na opinião de “certos grupos” do que na eficácia das medidas, comprovada pela ciência. O mesmo acontece com as mudanças climáticas. Esse tipo de postura não se limita aos cidadãos, uma vez que há governos que tomam posições muito radicais dependendo de qual lado eles estão na arena internacional. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.