13/Mar/2024
Mais de 9 milhões, entre 15 e 19 anos, não completaram a educação básica no Brasil. As principais justificativas para a evasão são falta de engajamento com a escola e baixa autoestima intelectual (68% já foram reprovados alguma vez), atreladas à necessidade de obter renda. É o que mostra uma pesquisa Datafolha, encomendada pelo Itaú Educação e Trabalho e pela Fundação Roberto Marinho e divulgada na segunda-feira (11/03). Foram ouvidos presencialmente 1,6 mil jovens de todo o País para entender os motivos da evasão. O levantamento aponta que 43% não têm fundamental completo e 35% não têm o ensino médio completo: o abandono ainda no fundamental evidencia que as estratégias para manter o aluno em sala de aula não devem mirar somente o ensino médio.
Esse grupo está há, em média, seis anos fora da escola, o que indica lentidão do poder público em trazê-lo de volta à sala de aula. Para especialistas, quanto mais tempo fora, menor a chance de retorno. Além disso, há a necessidade de conseguir renda para manter a família (32% dos que não pretendem voltar dizem não poder conciliar trabalho e estudo) ou cuidar de filhos e parentes (17% dos que não pretendem voltar, sobretudo mulheres). Entre os ouvidos, 73% ainda pretendem concluir a educação básica e, desses, 77% têm intenção de cursar o ensino técnico, visando a uma melhor colocação profissional. No entanto, 54% alegam que não há vagas compatíveis com a rotina perto de onde moram. Uma das iniciativas para reduzir a escala do problema é o programa Pé de Meia, lançada recentemente.
A ação federal prevê auxílio financeiro para que jovens se mantenham no ensino médio. Mas, segundo os especialistas envolvidos na pesquisa, bolsas do tipo, embora tenham impacto positivo, não podem ser a única ou principal política contra a evasão. Prova disso é que aproximadamente 43% dos que abandonaram a escola o fizeram ainda no fundamental. Para o Itaú Educação e Trabalho, o ensino médio é a “UTI”, em termos de estratégia de retenção dos estudantes na escola. É preciso considerar toda a trajetória escolar, olhando principalmente para a aprendizagem e para o desejo e a necessidade desses jovens de trabalhar e ter uma profissão. Os dados revelam a questão do mundo do trabalho como central na decisão dos jovens que estão fora da escola, seja na tomada de decisão para interromper os estudos, seja para retomá-los.
O Brasil tem o compromisso constitucional de, na escola, formar profissionalmente os jovens, para que tenham condições de garantir inserção produtiva digna e dar sequência na carreira que desejarem optar. O fato de haver mais de 9 milhões de jovens entre 15 e 29 anos que não frequentam a escola e não concluíram a educação básica revela preocupante ‘tolerância’ da sociedade em relação à exclusão educacional dos mais vulneráveis, avalia a Fundação Roberto Marinho. É alarmante constatar que 86% já ultrapassaram a faixa etária adequada para o ensino regular. Enquanto para os jovens das camadas mais privilegiadas é praticamente uma formalidade concluir o ensino médio, para as juventudes mais vulneráveis, a violação do direito à educação não tem recebido o devido cuidado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.