12/Mar/2024
Dois fenômenos climáticos opostos ocorrem simultaneamente na Amazônia. Enquanto Roraima enfrenta uma das maiores secas da história e registra recorde de focos de incêndio para fevereiro, o Acre sofre com a chuva e alagamentos, que já deixaram mortos e milhares de desabrigados. É normal a floresta ter esses dois cenários ao mesmo tempo? Em Roraima, que concentra a maior quantidade de focos de incêndio no Brasil, as chamas avançam por áreas protegidas, como unidades de conservação ou indígenas, e a fumaça encobre estradas, como a RR-206, e partes da capital Boa Vista. O Ministério do Meio Ambiente disse ter contratado mais brigadistas e reforçado as ações. O governo estadual suspendeu as autorizações para queima controlada e deslocou até policiais militares para as equipes de combate ao fogo.
Especialistas têm alertado desde o ano passado que a estiagem poderia ser agravada pelo El Niño. A quase 2,4 mil Km de Boa Vista, o Rio Acre registrou em 28 de fevereiro o maior nível da história, chegando à cota de 15,58 m, segundo a Defesa Civil de Brasileia, na fronteira com a Bolívia. O recorde anterior era de 15,55 m, em 2015. O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) explica que os dois fenômenos são compatíveis. O ciclo de chuvas nos dois Estados é completamente diferente, até complementar. Em Roraima, a chuva historicamente acontece de março a agosto. No Acre, costuma ser de outubro a maio. Se os ciclos estão dentro do padrão, as intensidades da seca e da chuva expõem o agravamento das mudanças climáticas. Esses períodos de chuva e de seca são comuns, mas não dessa forma. No Acre, o auge do período chuvoso é em março, então a situação tende a piorar.
A seca e a enchente são demonstrações do desequilíbrio da natureza, resultante da intervenção humana. Seja qual for a causa, não é a primeira vez que uma parte da Amazônia sofre seca e outra fica alagada. Em 2021, a Amazônia teve recorde histórico de chuva, por influência do fenômeno La Niña, mas nessa região que hoje está alagada houve seca. Segundo o climatologista Carlos Nobre, fenômenos climáticos extremos, seja a seca com recorde de incêndios em Roraima ou a chuva que alagou o Acre, são cada vez mais comuns. Será preciso conviver com excesso de calor, alagamentos, seca. O calor é a situação extrema que causa mais mortes, principalmente de idosos. Os governos precisam proteger essa população. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.