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12/Mar/2024

Conjuntura positiva favorece investimentos no Brasil

Depois de encolher em 2023, o investimento deve voltar a crescer no Brasil neste ano, ainda que sem indicar uma reversão do quadro de fragilidade estrutural do País nessa área. A economia brasileira tende a ser favorecida por uma conjuntura positiva, com a sequência do ciclo de queda da taxa básica de juros (Selic) e de alguma redução da incerteza na condução da política econômica pelo governo. No ano passado, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,9%, o investimento (formação bruta de capital fixo) recuou 3%, embora no quarto trimestre tenha subido 0,9%, interrompendo quatro trimestres seguidos de queda. O crescimento em 2024 é um bom sinal, mas o País vem de uma queda e uma base de comparação baixa, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que estima que os investimentos devem crescer 3,4% este ano. Em 2024, os juros devem seguir em queda. A Selic começou a recuar em agosto passado, e já caiu de 13,75% para 11,25%.

E a expectativa dos analistas no relatório Focus, do Banco Central, é a de que caia até 9% ao fim deste ano. Segundo a Armor Capital, os juros elevados afetam o investimento das empresas porque encarecem a aquisição de bens e o crédito. O investimento reage muito à política monetária e a mudanças de expectativas. E, nos últimos anos, o juro esteve em um patamar restritivo. A queda dos juros explica apenas uma parte da melhora dos investimentos em 2024. Há também uma menor incerteza com o rumo da política econômica em relação ao que havia na virada de 2022 para 2023, antes da posse do atual governo. Apesar de não ser considerado perfeito, o arcabouço fiscal conseguiu dar uma previsibilidade para as contas públicas e o tamanho do endividamento do País nos próximos anos. O governo também conseguiu a aprovação da reforma tributária, que deve melhorar o ambiente de negócios. Mas, as contas públicas continuam sendo um ponto sensível do governo Lula.

A consultoria Inter.B lembra que os investimentos se movem em função do tamanho e da dinâmica do mercado consumidor, e dos custos para expandir a capacidade e criar novos produtos. E o maior entrave no País hoje, diz, é a percepção de risco associada a uma elevada incerteza, fruto de insegurança jurídica, da captura de orçamento e da má alocação de recursos, agravada pela sensação de perda de controle do processo político pelo governo. Investir é, em essência, uma aposta no futuro e muitos não estão dispostos, apesar do potencial do País. O aumento dos investimentos é considerado fundamental para que o País consiga crescer a taxas mais altas nos próximos anos sem apresentar desequilíbrios, como a volta de uma inflação mais incômoda. E com a restrição fiscal, os novos projetos vão depender cada vez mais da iniciativa privada. No ano passado, a queda da formação bruta de capital fixo levou a taxa de investimento no País para um patamar bastante fraco, a 16,5% do PIB.

O grande problema é que o número ruim não fica restrito a 2023. Ao longo das últimas décadas, a economia brasileira tem apresentado uma dificuldade estrutural para conseguir aumentar a taxa de investimento. Foram poucos os anos em que ela superou os 20% do PIB, um patamar considerado razoável. Em 2024, deve chegar a 17,6%, de acordo a projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI), nível que deve se manter nos próximos anos. O desempenho do Brasil é ainda mais preocupante quando se compara com outros países. Entre 2021 e 2028, a média da taxa de investimento das economias emergentes deve ser de 32,2% do PIB, de acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). A do Brasil será de 17,4% do PIB, e a da América Latina, de 20,4% do PIB. Assim, para conseguir alavancar o patamar dos investimentos, o País terá de fazer mais. Precisará, por exemplo, aumentar a taxa de poupança dos setores público e privado, e das famílias.

Em 2023, essa taxa foi de 15,4% do PIB, abaixo do apurado em 2022 (15,8%). Se não aumentar a taxa de poupança, fica difícil conseguir aumentar a taxa de investimento. Para a MB Associados, sem aumentar a taxa de poupança doméstica, vai precisar ter poupança externa. E depender de poupança externa de uma forma muito intensa coloca sob o risco de enfrentar uma volatilidade muito intensa lá fora. Será necessário também melhorar o ambiente de negócios e a reforma tributária é um caminho, com regras claras e estáveis para atrair investimentos e promover uma abertura da economia para uma integração maior da economia com o resto do mundo. Hoje, a atração dos investimentos com base na agenda verde está no radar do governo federal, que também espera atrair novos projetos com a volta do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e com o Nova Indústria Brasil, pacote que reedita políticas de antigas gestões petistas é prevê R$ 300 bilhões em créditos e subsídios ao setor.

O Brasil tem uma das maiores tarifas de importação do mundo, tem uma exigência de conteúdo local descabida, e nova política industrial reforça isso. O País também tem poucos acordos comerciais. Se por um lado a agenda é extensa, a boa notícia é a de que o Brasil pode se beneficiar, e muito, se adotar uma agenda correta, diante da capacidade que tem para atrair os investimentos verdes e das mudanças geopolíticas, com o chamado nearshoring, novo modo de organização das multinacionais, que passaram a levar parte de suas fábricas para perto dos mercados consumidores. Segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), se o Brasil tiver um programa mais estruturado de como alavancar a indústria a partir da matriz energética renovável, isso tende a destravar o investimento não só para a redução de emissão de gás carbônico dos demais setores, mas também para alavancar o investimento no setor energético. O mercado global de energia verde ainda não está estruturado. O Brasil precisa de uma demanda interna fortalecida para justificar esses investimentos, que são de longo prazo e de muito capital intensivo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.