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06/Mar/2024

China: cenário desafiador para manter crescimento

O ING avalia que a decisão do governo da China de manter a meta de crescimento de cerca de 5% em 2024 não foi uma surpresa, já que uma eventual redução do objetivo poderia enfraquecer ainda mais a confiança no país. Dito isto, será um caminho mais desafiante repetir o crescimento de 5% em 2024, à medida que o efeito de base se tornar menos favorável e que muitos dos impulsos à economia decorrentes das medidas da pandemia irão gradualmente diminuir. O mercado imobiliário deverá seguir como um obstáculo para a economia da China neste ano. Por outro lado, o investimento deverá ser o principal motor da economia, mas requer mais apoio. A fraca confiança dos consumidores deverá impedir que o consumo repita a boa performance de 2023. Os setores de alimentos e bebidas, entretenimento e viagens e turismo podem continuar a apresentar desempenho superior neste ano.

Para a Natixis CIB, a meta de crescimento de 5% da China para 2024 veio em linha com as expectativas, mas falta um plano concreto para atingir seu objetivo. A meta de déficit fiscal para este ano, de 3%, é menor do que o déficit revisado de 3,8% de 2023, e não traz qualquer sinal de estímulos mais adiante. Não há qualquer indício de relaxamento da política monetária da China, que segue apertada em meio a pressões deflacionárias. O Commerzbank avaliou a meta de crescimento da China para este ano, de cerca de 5%, como ambiciosa, diante de dificuldades como temores com o setor imobiliário, persistente deflação e a fraqueza da confiança de empresas e consumidores. Uma expansão fiscal mais agressiva deve apoiar a demanda doméstica e combater as pressões deflacionárias, mas manter a recuperação exige apoio de todas as frentes, reconhece o próprio governo local.

O sucesso do estímulo político e a melhora na confiança dependem muito do sucesso da liderança em se equilibrar entre o desenvolvimento econômico e a segurança nacional; de se os formuladores de política se tornarão mais previsíveis; e do esforço para conter os riscos de dívida do setor imobiliário e de governos locais. Para conseguir cumprir a meta de PIB, o governo terá de lançar estímulos de modo mais efetivo, com melhor coordenação entre vários ministérios e níveis de governo. Isso é especialmente verdadeiro diante do alto endividamento que atua como um grande freio no orçamento para alguns governos locais. A iniciativa de emitir bônus de mais longo prazo por vários anos é um sinal claro de que o governo chinês planeja recursos fiscais adicionais para apoiar a economia e de que o governo central arcará com o peso fiscal para que administrações locais forneçam estímulos.

O Commerzbank nota também que tem havido muito mais financiamento disponível para bancos comerciais, a fim de que estes emprestem a incorporadoras, desde o ano passado. Recentemente, autoridades têm orientado crescimento em empréstimos para projetos específicos. Agora, os bancos devem adotar mais princípios de mercado, em vez de estender empréstimos para todos os integrantes de listas defendidas pelo governo. Na verdade, os bancos têm relutado em elevar a exposição de risco ao setor imobiliário de modo significativo, após reduzi-la desde 2021. Destaque ainda para o fato de que o briefing anual à imprensa no encerramento do Congresso Nacional do Povo não será realizado pelo premiê Li Keqiang. Esse briefing ocorria ao fim do evento todos os anos desde 1993. A mudança foi vista pelos mercados como uma oportunidade perdida de elevar a transparência sobre as decisões econômicas.

Para o Danske Bank, o relatório apresentado pelo primeiro-ministro da China neste primeiro dia do Congresso Nacional do Povo (NPC), decepcionou o mercado por não trazer sinais claros de estímulos econômicos mais robustos. A leitura é que a redação do texto e algumas das medidas planejadas foram fortes em alguns aspectos, mas isso foi perdido em meio aos detalhes. As metas anunciadas apontam para esforços mais significativos para abastecer a economia. A meta de crescimento de 5%, igual à do ano passado, foi mais ambiciosa, já que deverá ser mais difícil alcançá-la por causa de efeitos desfavoráveis. Como ponto positivo pode-se citar a emissão de títulos ultralongos e a maior atenção dada às medidas voltadas para gastos com consumo e ao setor imobiliário. Ainda assim, poderia se esperar um sinal mais forte de como o governo planeja lidar com o declínio contínuo nas vendas de casas, que é sintoma de fraca confiança e relutância em abrir a carteira para gastar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.