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06/Mar/2024

China: planos para 2024 não animam investidores

O plano da China para a sua economia em 2024 está repleto de objetivos e promessas, mas também é notável por não definir medidas específicas para alcançar as reformas há muito tempo prometidas e esperadas por empresas e investidores estrangeiros. O relatório de trabalho apresentado nesta terça-feira (05/03) pelo primeiro-ministro Li Qiang ao Congresso Nacional do Povo delineou planos para aumentos modestos nos gastos gerais e um forte salto de 7,2% no financiamento para áreas militares. A meta do Partido Comunista é fazer a economia crescer cerca de 5% este ano, uma ambição que os economistas dizem que pode ser difícil de ser atingida.

A China também se concentrará no apoio à pesquisa e às indústrias para buscar avanços em tecnologias importantes, incluindo a de chips de computador. Os objetivos estão alinhados com o intuito do líder Xi Jinping de fortalecer a autossuficiência e o poder da China em tecnologias avançadas, à medida que os governos chinês e norte-americano discutem questões tecnológicas e de segurança nacional. O relatório de trabalho foi elaborado para mostrar as conquistas da nação no ano passado e exibir as prioridades da liderança máxima para este ano. Mas, também fornece informações sobre a diretriz das políticas que afetam as empresas nacionais e estrangeiras.

Para a Câmara Americana de Comércio em Pequim, o discurso fez pouco no sentido de responder às preocupações que levaram as empresas estrangeiras a reconsiderarem as suas estratégias de investimento na China. Além da ambiciosa meta de crescimento, não há reforma, nem liberalização, nem plano de ação nem mensagens de garantia. Só se pode adivinhar que a estratégia é manter o rumo e esperar que as coisas se corrijam. A decisão de cancelar a coletiva de imprensa anual do primeiro-ministro, que geralmente encerra o Congresso, aumentou a sensação de diminuição da transparência. Para a Economist Intelligence Unit, o relatório reitera principalmente o que o governo tem dito nos últimos seis a nove meses.

O que seria necessário é a adoção de medidas para liberalizar o investimento em telecomunicações e cuidados de saúde, por exemplo, ou leis que garantissem que as empresas privadas possam cobrar dívidas não pagas. O importante é que compromissos fortes precisam ser acompanhados de ações, não se observa muito progresso até agora. Os mercados chineses definharam nos últimos meses e as ações em Hong Kong caíram devido às fortes vendas de ações de tecnologia, com o índice de referência Hang Seng afundando 2,6%. A gigante do comércio eletrônico Alibaba perdeu 3,3%, o Baidu caiu 5,7% e a JD.com, outra grande empresa de comércio eletrônico, perdeu 7,5%.

Para a ING Economics, não foi nenhuma surpresa que a meta de crescimento do PIB tenha sido novamente fixada em cerca de 5%, uma vez que a redução da meta teria enfraquecido ainda mais a confiança. A economia não contará neste ano com a ajuda dada após a pandemia, enquanto as exportações podem não ajudar muito, com as previsões de que a procura global estará abaixo da média. Dito isso, será um caminho mais desafiador repetir o crescimento de 5% em 2024. Embora haja alguns sinais positivos no relatório de trabalho do governo, o caminho para restaurar a confiança, provavelmente, levará algum tempo e o processo provavelmente será desigual. Outros destaques do relatório:

- A China incentivará os consumidores a se desfazerem de aparelhos antigos e a trocarem os seus carros por veículos elétricos e outros produtos novos, para ajudar a estimular uma maior procura interna.

- O governo aumentará os gastos com pesquisa e desenvolvimento em 10%.

- Os gastos militares deverão aumentar 7,2%, em linha com a taxa de crescimento do ano anterior, para 1,67 bilhões de yuans (US$ 232 bilhões).

- O governo emitirá 1 trilhão de yuans (US$ 139 bilhões) em títulos especiais de prazos muito longos neste ano e nos próximos anos para apoiar "as principais estratégias nacionais e construir "capacidade de segurança" em indústrias relevantes.

- Outros 10,4 bilhões de yuans (US$ 1,4 bilhão) serão destinados à modernização das indústrias e da produção.

O relatório também afirma que a China incentivará mais o capital de risco e investimento de capital e utilizará "medidas com base no mercado" para promover um desenvolvimento mais rápido da produção de chips de computador e da tecnologia avançada de informação. "Trabalharemos para construir a autossuficiência e a força da China em ciência e tecnologia". O relatório, que deverá ser aprovado ao término do Congresso na próxima semana, estabelece o objetivo de reduzir o consumo de energia da China este ano em 2,5% e avançar em direção à "neutralidade de carbono" com redução das emissões que contribuem para as alterações climáticas. "Apoiaremos uma nova rodada de iniciativas estratégicas destinadas a avanços na exploração mineral, promoveremos o desenvolvimento de energias limpas e renováveis e facilitaremos o progresso mais rápido na construção de um novo sistema energético", segundo o documento. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.