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05/Mar/2024

Brasil e as espécies invasoras de animais e plantas

De acordo com Relatório Temático Sobre Espécies Exóticas Invasoras, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, pelo menos 476 espécies invasoras já foram registradas no Brasil, sendo 268 animais e 208 plantas e algas; a maioria nativa da África, da Europa e do Sudeste Asiático. As espécies trazem muito mais impactos negativos (1.004 evidências científicas) do que positivos (só 33) e causam um prejuízo anual que pode ultrapassar os US$ 3 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões). Algumas são bem conhecidas da população, como os cães e gatos domésticos, a tilápia de consumo regular e os mosquitos Aedes. O documento é assinado por 73 autores líderes, 12 colaboradores e 15 revisores de instituições de pesquisa, de órgãos públicos, representantes do terceiro setor e profissionais autônomos de todas as regiões do País. A introdução e a disseminação de espécies exóticas no País vêm desde as navegações do século 16.

Mas, nos últimos 50 anos, a situação se agravou. A intensificação do tráfego aéreo está entre os fatores que tornam a introdução de espécies invasoras mais comum. O comércio ilegal de animais de estimação é uma das principais vias de introdução, tanto intencional como não intencional, de mamíferos e répteis no País. Navios de carga e plataformas de petróleo também são apontados como responsáveis por deslocar espécies. Outra origem é o comércio, sobretudo eletrônico, de plantas para aquarismo e fins ornamentais. A principal via de introdução das espécies invasoras é o comércio de animais de estimação e de plantas ornamentais e hortícolas. Essas espécies exóticas estão presentes em todos os ecossistemas brasileiros, com maior concentração em ambientes degradados ou de alta circulação humana.

Áreas urbanas são vulneráveis a espécies exóticas invasoras por causa do grande tráfego de pessoas, commodities e mercadorias via portos e aeroportos, de acordo com o texto do estudo, que revela a extensão territorial do problema e seus efeitos ambientais, sociais e econômicos. Segundo a Universidade Estadual de Londrina em alguns casos existem ações de governança que podem agravar o problema ao ser aplicadas de forma equivocada. Existem incentivos ao uso de espécies notoriamente invasoras e de alto impacto, como por exemplo a tilápia e o pínus, que exercem uma dominância nos ambientes e ameaçam a permanência das espécies nativas. Ao longo de 35 anos (1984 a 2019), o prejuízo mínimo estimado em razão dos impactos ocasionados por apenas 16 espécies exóticas invasoras variou de US$ 77 bilhões a US$ 105 bilhões, média anual de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões.

Entre elas, principalmente, pragas agrícolas e silvícolas (US$ 28 bilhões) e vetores de doenças (US$ 11 bilhões). Os custos são atrelados a perdas de produção e horas de trabalho, internações hospitalares e interferência na indústria de turismo. Introduzidos no Brasil a partir da década de 1960, os javalis e os javaporcos (cruzamento com o porco doméstico) são apreciados pela carne, mas se tornaram praga no interior de São Paulo e outras áreas da Região Sudeste, onde comem milho e cana-de-açúcar. É a única espécie no Brasil para qual há autorização legal para abate com fins de controle. Mas, isso faz com que o animal seja levado a outros territórios do País onde não existia para caça esportiva. Conforme o relatório, das cinco maiores causas de perdas de biodiversidade, destruição de hábitat, mudanças climáticas, poluição, superexploração de recursos e espécies exóticas, a mais negligenciada pela gestão pública brasileira são as invasões biológicas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.