29/Feb/2024
O Grupo Carrefour Brasil decidiu vender em suas prateleiras produtos alimentícios que regeneram a natureza, numa iniciativa em parceria com a Fundação Ellen MacArthur para tornar produtos alimentícios com pegada ESG (boas práticas de meio ambiente, social e governança) acessíveis ao público. Com a parceria, os produtos serão incluídos no catálogo dos supermercados sem custos para os produtores, facilitando a entrada de novas marcas no varejo. A iniciativa, que propõe oferecer itens sustentáveis mais baratos, está prevista para ocorrer no primeiro semestre de 2025, por seis meses. O projeto é parte do desafio “O Grande Redesenho de Alimentos”, idealizado pela fundação, em que empresas de todos os portes de 15 países criaram produtos alimentícios que “regeneram a natureza”, incluindo em suas estratégias de negócio a economia circular. O conceito associa o desenvolvimento econômico de um país ao melhor uso de recursos naturais e priorização de matérias-primas mais duráveis e renováveis.
Criado com base em um estudo da fundação, que apontava o potencial da economia circular para impulsionar a indústria alimentícia rumo à sustentabilidade, o desafio recebeu pelo menos 140 inscrições de empresas de alimentos e bebidas. Gigantes como Nestlé e Danone participam da iniciativa. Para impulsionar a produção entre as companhias menores, PMEs e startups receberão subsídio de até £ 30 mil (cerca de R$ 188 mil), para desenvolver ideias. Ao todo, £ 510 mil (mais de R$ 3,2 milhões) serão distribuídos pela fundação. Para a fase de produção, foram selecionadas 168 ideias de produtos. Dentre os projetos que devem ser produzidos até outubro deste ano estão o vinho de caju, da startup Enoteca Saint VinSaint, produzido a partir do “pseudofruto do caju”, comumente descartado pela indústria, e biscoitos com ingredientes reciclados da Native, feitos com maçã e canela cultivados com práticas regenerativas com farinha de semente de uva reciclada.
Tem um produto muito interessante que é um aperitivo que imita o frango, mas é feito do bagaço do caju que é desperdiçado pela indústria de suco de fruta. O produto é feito com a fibra desse bagaço e temperado com especiarias amazônicas compradas de comunidades tradicionais. O desafio começou em 2023, com as empresas inscritas aprendendo mais sobre economia circular e sua aplicação. Agora, as companhias vão colocá-las em prática, desenvolvendo os itens da escolha de seus fornecedores e ingredientes. A seleção de quais produtos serão comercializados ficará a critério do grupo. O Grupo Carrefour Brasil destaca que diversos fatores podem tornar um produto atrativo, desde a embalagem, o tamanho e o preço. No entanto, o que conta é o produto ser, de fato, bom. Às vezes a proposta é superlegal, mas o chocolate não é bom, a cerveja não é boa. Pode vender uma vez, mas não há recompra.
Poderá haver continuidade nas prateleiras para os produtos após os seis meses definidos previamente. Se o consumidor compra, esse é o melhor dos mundos. Quem decide não é o Carrefour, é o consumidor. Existe interesse do grupo, desde que com viabilidade econômica e recepção do consumidor, que esses produtos não sejam uma raridade, mas uma grande parte do que está sendo oferecido. Caso não haja aceitação, será necessário entender o que deve ser alterado, considerando que mudanças sustentáveis em todos os setores serão cada vez mais cobradas. Cerca de 89% dos brasileiros consideram urgente a adoção de uma alimentação sustentável, de acordo com pesquisa divulgada pela Sodexo neste mês. A crença de que um estilo de vida mais sustentável pesa do bolso é considerada uma das principais barreiras para colocar em prática o desejo, aponta um levantamento do Instituto Akatu em parceria com a GlobeScan. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.