26/Feb/2024
De acordo com a Sondagem da Indústria da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 7 em cada 10 empresários da indústria da transformação encerraram 2023 com expectativas positivas para o ambiente de negócios em 2024. A indústria está passando agora por um momento de normalização de estoques, e a produção está registrando uma reaceleração gradual. Ou seja, o empresário está, de certa forma, confortável em trabalhar com o estoque um pouco acima do normal, porque ele está prevendo uma melhora da demanda no início de 2024. Os dados da Sondagem da Indústria de janeiro confirmam que já houve melhora do ambiente de negócios nos últimos meses. Os níveis de estoques acumulados desceram a 99,4 pontos, situando-se em patamar considerado neutro pela primeira vez desde setembro de 2022. O ano todo de 2023 foi de acúmulo de estoques, e aí, de repente, no último trimestre, a demanda se aqueceu. Não foi um nível alto de demanda, mas houve demanda para esse movimento de normalização dos estoques e foi um movimento difuso.
Os dados revelam que 15 dos 19 segmentos da indústria da transformação melhoraram os níveis de estoques na passagem de dezembro de 2023 para janeiro de 2024. Além disso, 10 segmentos já estão com níveis de estoques na faixa entre normal a insuficiente. Em novembro/2023, só 4 segmentos estavam com estoques entre normal ou insuficiente. Em janeiro/2024, os segmentos estão com estoques se aproximando da insuficiência. Isso é bom porque é um motivo de aquecimento da produção. Outras duas medidas apuradas pela sondagem que têm mostrado evolução positiva são os componentes de demanda prevista e produção prevista. A demanda prevista subiu a 97,2 pontos em janeiro ante dezembro, melhor resultado desde agosto de 2022. A produção prevista cresceu a 99,3 pontos, nível mais elevado desde abril de 2023. Problemas que vinham afligindo o setor pelo lado da oferta durante a pandemia, como a dificuldade de acesso a insumos e matérias-primas, persistiram até o primeiro semestre de 2023, mas estão fora do radar em 2024.
A percepção sobre a procura interna por produtos industriais vem melhorando bastante nos últimos meses, mostrando que o setor pode estar virando a chave e entrando numa fase ascendente. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) da FGV subiu 1,8 ponto em janeiro, quarto avanço consecutivo, para 97,4 pontos, melhor desempenho desde agosto de 2022. Houve melhora nas expectativas de segmentos mais dependentes de crédito: bens de capital, que inclui máquinas e equipamentos, e bens de consumo duráveis, como eletroeletrônicos e automóveis, por exemplo. Esses ramos podem se beneficiar nos próximos meses do ciclo de cortes na taxa básica de juros (Selic). Outros fatores também devem contribuir para isso: questões mais macroeconômicas. A queda da taxa de juros, à espera de uma melhora no ambiente de negócios, até a própria reforma tributária que está um pouco mais maturada no entendimento do empresário, isso já é um motivo de ter uma expectativa melhor. E por fim, os esforços federais de diálogo com a indústria estão bem fortes.
No ano de 2023, a produção industrial brasileira cresceu 0,2%, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (que considera o desempenho tanto da indústria de transformação quanto das indústrias extrativas), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do crescimento modesto, o desempenho foi majoritariamente positivo na reta final do ano passado. A produção avançou 1,1% em dezembro ante novembro, o quinto mês seguido de expansão, já descontadas as influências sazonais. A melhora do humor dos empresários parece estar associada à virada cíclica, puxada pela queda da inflação e juros, maior previsibilidade da taxa cambial e redução de incertezas com a definição da primeira fase da reforma tributária. Sem entrar no mérito de sua execução ou de seu efeito no longo prazo, outras medidas governamentais recentes de impulso ao investimento produtivo e em infraestrutura tendem a impactar favoravelmente a confiança no primeiro momento. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.