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22/Feb/2024

G20: Brasil enfatiza rejeição à busca de hegemonias

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, fez duras críticas ao arranjo de países do Hemisfério Norte na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e o atual patamar de gastos militares no mundo, enquanto o Hemisfério Sul permanece "desnuclearizado" e em "cooperação pela paz". Na abertura da Reunião de Chanceleres do G20, no Rio de Janeiro, Vieira foi enfático ao dizer que o Brasil rejeita a busca de hegemonias. Ele abriu a série de pronunciamentos das mais de 40 delegações presentes, incluindo os países membros do G20 e convidados do governo brasileiro. "O Brasil rejeita a busca de hegemonias antigas ou novas. Não é do nosso interesse viver em um mundo fraturado. Em nossa região, um exemplo claro de abordagens divergentes no campo da paz e segurança vem do fato de que o norte está unido em torno de uma aliança militar, enquanto o sul é coberto por diversas camadas e zonas de paz e cooperação", disse Vieira.

"A situação absolutamente extraordinária em que todo o Hemisfério Sul do planeta optou por permanecer 'desnuclearizado' é descartada sob a narrativa dominante. Os casos bem-sucedidos de cooperação pacífica da América Latina, da África, do Sudeste Asiático e Oceania fazem com que as vozes dessas regiões devam ser ouvidas nos foros relevantes com especial cuidado e atenção", continuou o chanceler brasileiro. Sem meias palavras, Vieira voltou a apontar a paralisia do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para a resolução de conflitos e citou o G20 como fórum efetivo para discussões produtivas entre países com visões opostas. O chanceler brasileiro também reclamou do volume de gastos militares no mundo, o que, disse, teria ultrapassado a marca de US$ 2 trilhões por ano.

Os programas de ajuda humanitária permanecem estagnados em torno de US$ 60 bilhões por ano, menos de 3% dos gastos militares. Da mesma forma, os recursos voltados a esforços climáticos não alcançariam US$ 100 bilhões por ano, ficando abaixo de 5% dos gastos militares totais. A situação não é "minimamente razoável". Sem paz e cooperação será extremamente difícil alcançar a prometida mobilização em larga escala dos recursos necessários para enfrentar as ameaças existenciais que o mundo enfrenta, em particular o combate à pobreza e à desigualdade e a manutenção do meio ambiente. Segundo o ministro, essas são as 'guerras' que o mundo deve travar em 2024. Essa revisão de prioridades é um dos fatores por trás da defesa do governo brasileiro da chamada governança global, ou seja, da estrutura e atuação da ONU.

Esse tema, em específico, vai dominar a discussão entre chanceleres nesta quinta-feira (22/02). Vieira definiu o atual sistema multilateral como "moderno e eficiente", com a ONU em seu centro, mas voltou a defender abertamente mudanças. Não é possível ignorar o fato que a governança global precisa de profunda reformulação. As diferenças devem ser resolvidas no amparo das Nações Unidas, usando como método a cooperação e não conflitos armados. Nesse sentido, Vieira defendeu o uso do G20 como espaço para avanço do diálogo entre países e rejeitou o uso de força, sanções e espionagem em crítica indireta a países de destaque no Conselho de Segurança, como Estados Unidos e Rússia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.