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09/Feb/2024

Crédito Rural: avanço das cooperativas de crédito

As carteiras das três maiores cooperativas de crédito que atuam no agronegócio devem aumentar significativamente na safra 2023/2024, a despeito das intempéries e desafios enfrentados pelos agricultores. Crescem abocanhando fatias de mercado que pertenciam às instituições financeiras tradicionais até poucas safras. Segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as cooperativas de crédito estão provocando uma “revolução silenciosa”. Nas feiras agrícolas, porém, essas organizações disputam atenção lado a lado com gigantes, como o Banco do Brasil. “A gente cresce na crise”, afirma Gustavo Freitas, diretor-executivo de crédito do Sicredi, a maior cooperativa de crédito rural do País. Na safra 2023/2024, o Sicredi esperava emprestar quase R$ 60 bilhões ao setor, um aumento de 17% em relação à temporada passada. O crescimento até agora está mais próximo dos 10%, ainda um bom volume, dadas as circunstâncias atuais.

A combinação de preços das commodities agrícolas em queda, taxas de juros elevadas e a quebra da safra de soja faz o produtor rural pensar duas vezes antes de investir. Os agricultores esperavam que os efeitos do El Niño fossem mais pontuais, mas o fenômeno se mostrou mais disseminado e aleatório. Mas, para o Sicredi, parte dos investimentos represados pode deslanchar nos próximos meses, à medida em que a taxa básica de juros recue. Quando o Plano Safra atual foi anunciado, a Selic estava perto de 12%. No Plano Safra 2024/2025, deve estar mais perto de 10%. Isso faz uma diferença enorme para o produtor. O Sicredi espera concluir o ciclo com 320 mil contratos fechados, sendo que mais de 90% com pequenos agricultores, que ficam com 60% do volume de recursos. Apesar do grande volume de transações, a inadimplência é baixa (menos de 0,5%), por conta do relacionamento direto que a cooperativa tem com os clientes.

No Sicoob, segunda maior cooperativa de crédito no agronegócio, a percepção é a de que a demanda por recursos para custeio continua firme apesar da quebra da safra porque, apesar da dificuldade, o produtor não vai deixar de produzir. A instituição projeta aumentar a oferta de crédito em 33%, para R$ 52 bilhões neste ciclo. Segundo o Sicoob Central Unicoob, o produtor está mais reticente em fazer substituição de maquinário. Conforme a colheita da soja avança e o agricultor começa a ter uma noção melhor do tamanho da margem, é possível que os negócios voltem a acontecer com mais força. Para a cooperativa, uma vantagem é a carteira bem equalizada entre os níveis de produtores: pequenos e médios ficam com 30% dos recursos, enquanto os grandes levam 40%. Como os grandes produtores tendem a sofrer menos em momentos de crise, a taxa de juros de inadimplência também segue sob controle, ao redor de 0,35%.

Terceira colocada no ranking das cooperativas de crédito que atendem o agronegócio, a Cresol emprestou 60% dos R$ 15 bilhões previstos para a temporada. Na safra 2022/2023, os financiamentos somaram R$ 8,3 bilhões. O ritmo de execução no primeiro semestre da temporada ficou dentro do esperado, mas, com as incertezas em relação à safra, é possível que o resultado final fique em 85% da meta, ou quase R$ 13 bilhões. A médio prazo, a normalização dos preços agrícolas e a redução dos juros podem acalmar os ânimos. O produtor brasileiro já sabia que as margens dos últimos anos tinham sido atípicas. Agora devem estabilizar e se equilibrar. Nos primeiros seis meses da safra 2023/2024, o Banco do Brasil, principal operador de crédito rural do País, emprestou R$ 120 bilhões, um aumento de aproximadamente 5% em comparação ao mesmo intervalo de meses do ciclo anterior. Mas. a fatia do banco (que já foi responsável por 90% do total) caiu para 50% nos últimos dez anos. A revolução silenciosa surge dessa relação mais próxima com a base. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.