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31/Jan/2024

Seguro Rural: El Niño monitorado por seguradoras

O desequilíbrio que o fenômeno climático El Niño tem gerado nas temperaturas e no regime de chuvas do País pode criar um revés para o setor de seguros, na visão do mercado. O elo final da cadeia monitora a situação, mas ainda não vê impactos: o IRB Re afirma que não houve, até o momento, pedidos de indenização relativos ao evento. De toda forma, os contratos no segmento agrícola foram renovados pela resseguradora incluindo as possibilidades de perda. Até o momento, o IRB Re não recebeu nenhum comunicado oficial das seguradoras sobre sinistros e segue monitorando. Hoje, verifica-se uma seca acentuada na Região Centro-Oeste, principalmente em Mato Grosso. Porém, o Estado, mesmo sendo um dos principais produtores do País, é um dos que menos contrata seguro. Na renovação dos contratos de agro, o IRB levou em conta a possibilidade de que o El Niño tenha impacto sobre as safras. O fator foi contabilizado tanto nos preços cobrados das seguradoras quanto na dispersão geográfica, ou seja, na distribuição dos riscos pelo território nacional.

O El Niño é causado por uma alteração na temperatura das águas do Oceano Pacífico, que no Brasil, gera chuvas acima da média nas Regiões Sul e Sudeste, e um clima mais seco nas Região Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Nas cidades e no campo, os efeitos têm sido sentidos na forma de ondas de calor. Agora, analistas calculam como esses efeitos aparecerão nos balanços das seguradoras, em especial as que atuam no segmento rural. Um dos temores é o de que o El Niño seja sucedido pelo La Niña, que causa efeitos opostos, mas tão prejudiciais quanto. O Santander mensurou os riscos deste cenário para as empresas que acompanha no setor financeiro, e chegou à conclusão de que o IRB sofreria os maiores impactos. No agro, o resseguro é o elo final da seguinte cadeia: o banco concede crédito para financiar a produção agrícola, que é protegida pela seguradora. Se a safra quebra, o agricultor aciona o seguro para pagar o financiamento pendente junto ao banco.

Meses depois, se contratou resseguro, a seguradora busca ela própria uma indenização. O período de maior intensidade do El Niño está próximo do fim. Não há risco de que falte capacidade para as resseguradoras. O setor de resseguros apresenta relevante robustez financeira para fornecer capacidade. Disponibilizar essa capacidade depende da análise da operação. Ao longo do último ano, as empresas continuaram operando no agro, mas com maior seletividade. O último La Niña, entre o final de 2021 e o começo de 2022, causou prejuízos ao agro que desaguaram no IRB. Foram R$ 1,7 bilhão em pedidos de indenização no resseguro rural naquele ano, três vezes mais que em 2021, e um baque considerável para a empresa, que ainda tocava uma reestruturação após a descoberta de fraudes contábeis, em 2020. O IRB teve de fazer uma capitalização de R$ 1,2 bilhão para regularizar o balanço. O Safra reduziu de neutra para "underperform" a recomendação para as ações do IRB, de olho nos riscos climáticos.

Este efeito pode reduzir o potencial de crescimento da arrecadação em 2024, considerando as atuais restrições na suficiência de capital, postergando uma aceleração mais relevante em 2025. O balanço do IRB tem hoje maior robustez. Após o processo de ajuste, a carteira está equilibrada. Com isso, o IRB pode crescer de forma proporcional em todas as linhas de negócios, priorizando a rentabilidade dos negócios e bons riscos. Em setembro de 2023, data do dado mais recente, o patrimônio líquido ajustado do IRB cobria 150% do mínimo exigido pela regulação, alta de 41 pontos porcentuais em um ano. Nos 11 primeiros meses do ano passado, o IRB teve o primeiro lucro para o período desde 2019, período pré-crise. O IRB acelerou os cancelamentos de contratos que não eram rentáveis, o que reduziu sensivelmente sua carteira fora do País. O volume arrecadado com resseguros encolheu 18% em relação ao período entre janeiro e novembro de 2022. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.