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31/Jan/2024

Entrevista: Walter Schalka - presidente da Suzano

A fabricante de celulose Suzano atingiu na semana passada uma marca restrita a poucas indústrias brasileiras: 100 anos de fundação. E, segundo o presidente da companhia, Walter Schalka, sempre com o olhar voltado para o longo prazo. Isso se reflete em um plano de investimentos robusto, que inclui uma nova fábrica em Mato Grosso do Sul, prevista para entrar em operação ainda neste ano, que vai adicionar 2,5 milhões de toneladas de capacidade de produção para o grupo (hoje em torno de 11 milhões de toneladas por ano).

Segundo Schalka, um dos principais diferenciais da companhia está na competitividade, e a nova fábrica deve melhorar ainda mais esse quadro. “O custo médio da nossa celulose é de US$ 180,00 por tonelada. O Projeto Cerrado terá um custo de US$ 100,00 por tonelada. Nossos concorrentes na Ásia, na América do Norte e na Europa têm um custo médio de US$ 550,00 por tonelada. Somos muito mais competitivos do que eles e essa é a nossa maior defesa”, diz o executivo. “Continuamos trabalhando para melhorar o custo e, se eventuais competidores entrarem no negócio, entrarão com custos mais altos e terão piores resultados do que nós.” Segue a entrevista:

A Suzano anunciou investimento de R$ 16,4 bilhões no Brasil em 2024. Como esses recursos serão utilizados?

Walter Schalka: Esse valor é uma composição de investimentos na área florestal, em uma nova fábrica de tissue (para papel higiênico em Aracruz, ES) e no projeto Cerrado (fábrica que está sendo erguida em Ribas do Rio Pardo, MS), que trará uma capacidade adicional de 2,5 milhões de toneladas.

Qual é a influência do ambiente político-econômico nos negócios da Suzano?

Walter Schalka: Mais de 95% do nosso volume de venda de celulose é para o exterior. Nós somos pouco dependentes da economia local no dia a dia. Há, porém, duas variáveis importantes: a inflação do custo e o câmbio. Para lidar com isso, a empresa faz proteções cambiais. Temos um modelo voltado a reduzir a volatilidade e, portanto, ter uma taxa contínua ao longo do tempo.

A questão da taxa de juros, que está em trajetória de queda, tem impacto na operação?

Walter Schalka: A queda de juros vai acontecer, mas 100% da dívida da Suzano é externa. Sendo assim, não é ligada à taxa de juros interna. Se a dívida é tomada no Brasil, é convertida para dólar imediatamente. Nós somos muito influenciados pela taxa de juros externa, que também acreditamos que irá cair, apesar de, por proteção, a companhia ter travado a taxa de juros antes da subida da inflação e dos juros. Nossa dívida é muito longa e na ordem de 5%, o que é muito barato para os termos brasileiros.

Olhando para o balanço, a Suzano teve redução de receita de 37% e queda na margem Ebitda no terceiro trimestre do ano passado. Por que esse é o momento certo para investir em expansão?

Walter Schalka: A empresa tem uma política diferente da média das indústrias brasileiras. Reinvestimos 90% da nossa geração operacional de caixa. Todos os anos, a companhia reinveste no negócio e isso dá uma dinâmica importante para o futuro. Nos últimos quatro anos, de 2021 a 2024, são R$ 60 bilhões investidos no País.

Como está a questão do preço da celulose atualmente? E qual a perspectiva para os próximos anos?

Walter Schalka: Hoje, o preço da celulose está por volta de US$ 650,00 (a tonelada) na Ásia. O preço é adequado para rentabilizar o nosso produto, apesar de o nosso custo de caixa ser muito baixo. Mesmo em cenários em que o preço cai, a geração de caixa da companhia é positiva. Nos últimos dez anos, o preço médio da celulose foi de US$ 620,00. A empresa está muito bem-preparada para um preço médio nessa magnitude. Há dois anos, o preço atingiu US$ 860,00 e, há um ano, chegou a US$ 470,00. Houve muita oscilação de preços, mas a companhia está muito bem-preparada para lidar com isso por causa do baixo custo.

O Brasil é o maior exportador de celulose atualmente, mas há uma competição forte com outros países. Como a empresa lida com isso?

Walter Schalka: A maior proteção da companhia é a competitividade de custos. O custo médio da celulose é de US$ 180,00 por tonelada. O Projeto Cerrado terá um custo de US$ 100,00 por tonelada. Nossos concorrentes na Ásia, na América do Norte e na Europa têm um custo médio de US$ 550,00 por tonelada. Somos muito mais competitivos do que eles e essa é a nossa maior defesa.

A empresa está completando nesta semana 100 anos de fundação. Quais os desafios enfrentados para se chegar a tal marca?

Walter Schalka: Como brasileiros, a empresa chegar com vigor ao centenário é motivo de muito orgulho, já que é algo muito difícil. A Suzano passou por diversos momentos da história, como revolução, guerras, diferentes planos econômicos, inflação elevada, crescimento da economia, recessão e repressão econômica, além de volatilidade de câmbio e preços.

Fonte: Broadcast Agro.