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31/Jan/2024

Conflito no Oriente Médio gera preocupação global

Oficialmente, as potências hoje envolvidas em confrontos no Oriente Médio querem evitar um conflito generalizado. Na prática, estão cada dia mais próximas dele. O Irã alega que não teve envolvimento no ataque do Hamas a Israel nem nos das outras milícias apoiadas por ele no chamado “Eixo da Resistência”. Não obstante, as agressões continuam se expandindo. A mais importante dessas milícias, o Hezbollah, que domina parte do Líbano, tem trocado diariamente disparos de foguetes com Israel, mas ambos têm evitado o confronto por terra. Não obstante, Israel não está arrefecendo os ataques em Gaza, o que acirra os ânimos dos milicianos do Eixo. Desde o DIA 7 de Outubro, essas milícias já conduziram mais de 160 ataques a bases norte-americanas na região.

As retaliações dos Estados Unidos têm sido localizadas e contidas. Mas, esse “equilíbrio” está à beira do colapso. Cada uma das partes alerta que há “linhas vermelhas”, mas para nenhuma é claro onde está a linha traçada pela outra. Desde os anos 80, a teocracia xiita iraniana apoia milícias unidas por uma hostilidade comum a Israel e aos Estados Unidos. Começando com os xiitas do Hezbollah, o grupo incorporou facções sunitas no Iraque, milícias pró-regime na guerra civil da Síria, o Hamas e os rebeldes houthis no Iêmen na guerra contra a coalizão árabe liderada pela rival do Irã, a Arábia Saudita. Cada um desses grupos respondeu à ofensiva de Israel em Gaza. Até o início do ano, os conflitos estavam contidos em suas localidades. Mas em janeiro começaram a transbordar. Numa zona de Beirute controlada pelo Hezbollah, um oficial do Hamas foi morto em um ataque de drone, que Israel não assume nem nega.

No Irã, ataques terroristas do Estado Islâmico e de jihadistas paquistaneses mataram dezenas de civis. Em resposta, Teerã disparou mísseis contra células supostamente terroristas na Síria, no Paquistão e no Iraque, contra um suposto “centro de espionagem” israelense. Após assaltos a tropas norte-americanas, os Estados Unidos mataram um oficial da chamada Resistência Islâmica num ataque em Bagdá. Os Estados Unidos também têm atacado os houthis em retaliação a ataques a navios no Mar Vermelho. No dia 28 de janeiro, 3 soldados norte-americanos morreram e mais de 30 ficaram feridos em uma base na Jordânia atacada por milícias apoiadas pelo Irã na Síria e no Iraque. O equilíbrio entre uma resposta proporcional e enérgica, mas que evite uma escalada, é volátil. As pressões nos sobre o governo norte-americano por uma retaliação direta à Guarda Revolucionária iraniana crescem.

Ataques em larga escala no Iraque podem desestabilizar a relação com o regime de Bagdá, favorecendo o Irã. Se os Estados Unidos convencessem Israel a moderar os ataques em Gaza, isso poderia arrefecer a crise na região. O risco seria validar as táticas de confronto assimétricas do Irã, convidando a novas agressões. De todo modo, essa alternativa parece inviável: em sua luta pela sobrevivência, o premiê Benjamin Netanyahu está cada vez mais alinhado à extrema direita israelense em sua recusa a soluções de compromisso. Outra questão é até que ponto as potências internacionais podem dirimir os riscos. Politicamente, Rússia e China talvez se comprazam em ver os Estados Unidos sendo tragados para novos conflitos no Oriente Médio. Mas, os distúrbios no comércio e no preço do petróleo complicariam ainda mais os esforços de recuperação econômica do governo chinês.

Contudo, mesmo que a China pretenda pressionar o Irã, resta a questão de até que ponto ele realmente controla as milícias do “Eixo da Resistência”. Além do ódio comum a Israel e aos Estados Unidos, elas diferem em muitas coisas e cada uma tem sua agenda. O Irã pode apoiá-las publicamente, mas enfrenta o risco de ser tragado para conflitos que preferiria evitar, ao menos por ora. Ainda hoje, a irrupção da 1ª Guerra Mundial causa perplexidade aos historiadores. Após o atentado que matou o arquiduque austríaco em Sarajevo, Rússia e Alemanha se envolveram em intensas negociações diplomáticas tentando evitar um conflito generalizado. Não obstante, aconteceu. A situação no Oriente Médio é assustadoramente similar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.