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30/Jan/2024

Amazônia: ação humana agrava problema da seca

As mudanças climáticas são a principal causa da seca histórica de 2023 na Amazônia, concluiu uma equipe internacional de cientistas climáticos do grupo World Weather Attribution. Segundo o estudo, efeitos da ação humana superaram as consequências do El Niño, e eventos extremos como o do ano passado agora são 30 vezes mais prováveis na região graças ao aquecimento global, que elevou em 1,2ºC a temperatura do planeta. O El Niño, que começou em meados 2023, causa aumenta a temperatura das águas do Oceano Pacífico, alterando o clima em escala mundial. Também contribuíram para a seca na Amazônia o aquecimento anormal do Atlântico e a devastação da própria floresta. Para medir o efeito das alterações climáticas na seca amazônica, os cientistas analisaram dados meteorológicos e simulações de modelos para comparar o clima atual, após cerca de 1,2°C de aquecimento global, com o clima pré-industrial mais frio.

O estudo se concentrou na Bacia Amazônica e analisou a seca de junho a novembro de 2023. Os pesquisadores investigaram dois índices comumente usados para avaliar a gravidade do evento. O primeiro é o Índice Padronizado de Precipitação, que considera a baixa pluviosidade e foi utilizado para medir a seca meteorológica, caracterizada pela falta d’água induzida pelo desequilíbrio entre a precipitação e a evaporação, que depende de outros elementos como velocidade do vento, temperatura, umidade do ar e insolação. O segundo é o Índice Padronizado de Evapotranspiração de Precipitação, que considera tanto a baixa pluviosidade como a evaporação da água das plantas e do solo provocada pelo calor excessivo. Ele foi utilizado para medir a seca agrícola, associada à falta d’água causada pelo desequilíbrio entre a água disponível no solo, necessidade das culturas e transpiração das plantas.

A análise dos índices ajuda a compreender quais os fatores climáticos impulsionam o evento. Os pesquisadores também analisaram a possível influência do El Niño, comumente associado a menos chuvas e temperaturas mais altas na Amazônia, e concluíram que o fenômeno e as mudanças climáticas reduziram a quantidade de chuvas quase na mesma proporção. O aumento da temperatura, porém, foi impulsionado quase totalmente pelas alterações climáticas. Isso significa que, embora o El Niño tenha agravado a seca, as alterações climáticas foram o principal fator causador. Embora o El Niño tenha levado a níveis de precipitação ainda mais baixos, o estudo mostra que as alterações climáticas são o principal fator, segundo o Grantham Institute do Imperial College London. Com aquecimento, o risco continuará a aumentar.

A intensificação do calor tem papel crucial nas secas na Amazônia e a redução de emissões de gases do efeito estufa é a principal medida para frear a alta das temperaturas, diz o estudo do grupo World Weather Attribution. À medida que o clima aquece, uma poderosa combinação de diminuição das chuvas e aumento do calor está provocando a seca na Amazônia, de acordo com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A seca amazônica levou à morte de animais, incêndios florestais que se alastraram e deixaram Manaus (AM) sob forte cortina de fumaça, rios e lagos que secaram. O Rio Negro atingiu seu menor nível em 121 anos, e houve interrupção do transporte fluvial e do abastecimento de alimentos. Com cada fração de grau de aquecimento causado pela queima de combustíveis fósseis, o risco de seca na Amazônia continuará a aumentar, independentemente do El Niño, diz o Imperial College London. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.