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23/Jan/2024

China: desafios e impactos na economia mundial

A população da China encolheu em 2023, pelo segundo ano consecutivo, e está em franco processo de envelhecimento. A redução, em apenas um ano, de 2 milhões de habitantes, o equivalente a todos os moradores de Manaus (AM), pode parecer efêmera diante do contingente total de 1,4 bilhão de chineses, o segundo maior dentre todos os países. Mas, ao contrário, o dado dispara mais um alarme para a economia mundial. À persistente queda populacional somam-se as incertezas sobre a retomada do crescimento econômico em patamares sustentáveis. Trata-se de dilemas de difícil solução. O cenário preocupante na China tende a puxar para baixo as previsões de desempenho da economia global nesta e nas próximas décadas. Terá repercussão, em particular, para o Brasil. Os resultados positivos na balança comercial e parte significativa do Produto Interno Bruto (PIB) tornaram-se dependentes da demanda chinesa nos últimos anos e assim podem se manter.

O crescimento econômico da China de 5,2% em 2023, pouco acima da estimativa do governo chinês, não chega a trazer conforto. Escamoteia o fato de ter sido calculado sobre a base fraca do ano anterior e, certamente, traz ajustes nada transparentes para adequar-se às expectativas do mercado, uma prática comum em tempos bicudos. Fato é que a crise do setor imobiliário, uma das principais alavancas da atividade chinesa, e os efeitos da pandemia de Covid-19 sobre a atividade não foram ainda contornados. Os dilemas do crescimento econômico baixo e da população em declínio e em acelerado processo de envelhecimento não são desprezíveis. Significam que a força de trabalho chinesa sofrerá recuos mais robustos do que os já observados nos últimos anos. A solução exige uma política agressiva e custosa de aumento da produtividade, ainda em patamares pífios quando comparada à das principais economias mundiais.

Porém, o país hesita em investir em mecanismos inovadores no grosso de sua indústria manufatureira, ancorada na ainda abundante oferta de mão de obra com pouca qualificação. O governo chinês certamente tem ciência de seus desafios. Mas insiste no estímulo ao crescimento da natalidade, como se fosse uma panaceia. Desconsidera o contexto de elevado custo de vida para sua crescente população urbana neste período pós-pandemia. O fim da opressiva política de “um só filho”, mantida a ferro e fogo pelo governo chinês por 35 anos, não trouxe os resultados esperados nos últimos oito anos. Não se espera pausa, muito menos recuo, na tendência de redução da população enquanto o governo de Xi Jinping não entregar melhores condições de vida aos chineses. Do crescimento vigoroso e da melhor partilha de seus benefícios depende também a sobrevivência do próprio regime. O pacto social na China é, sem dúvida, assegurado pelo extraordinário poder de coerção do Estado. Mas, em um território gigantesco, com 1,4 bilhão de habitantes, a passividade requer ganho econômico como contrapartida. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.