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22/Jan/2024

Brasil: expectativa positiva para economia em 2024

A primeira reunião entre economistas do mercado e Banco Central na sexta-feira (19/01) foi marcada por uma avaliação positiva do cenário global. Os participantes reforçaram à autoridade monetária a visão de quadro externo benigno e o otimismo dos investidores internacionais com o Brasil, apesar do fiscal. Havia muitas instituições com filiais em outros países e o pessoal estava bastante otimista com a ideia de que os Estados Unidos devem entrar logo no ciclo de cortes de juros, que o dólar vai enfraquecer globalmente, e que tudo isso é positivo para o Brasil, inclusive do lado da inflação. A maioria dos participantes espera cortes de juros nos Estados Unidos e Europa em meados deste ano. Houve apostas em redução dos juros norte-americanos em maio ou até antes. A impressão é que o corte vem em março. Tudo isso contribui para a continuidade da redução da taxa Selic. Os economistas presentes afirmaram que tanto o ritmo de cortes, de 0,50% por reunião, quanto a postura do Banco Central têm se mostrado corretos. E apresentaram projeções de queda dos juros brasileiros a cerca de 9%. Alguns falaram numa taxa de até 8,5%.

Nesse cenário, os economistas disseram aos diretores do Banco Central que os problemas fiscais do Brasil não devem impedir a entrada de investidores internacionais no País. O investidor externo não se impressiona com o fiscal ruim no Brasil, justamente porque o fiscal também está ruim no resto do mundo. O fiscal é uma 'não questão' agora, enquanto o ambiente global continuar permissivo. Os economistas também falaram numa tendência de fortalecimento do Real, que deve contribuir para a desinflação no Brasil. As projeções de crescimento do PIB de 2024 ficaram entre 1,5% e 2%, mas houve quem estimasse um desempenho melhor da atividade. As reuniões trimestrais do Banco Central com economistas são promovidas para auxiliar a autoridade monetária na elaboração do Relatório Trimestral de Inflação. A próxima edição do documento será publicada em 28 de março. Os economistas alertaram para o risco de uma inflação mais alta este ano. Os efeitos do El Niño sobre preços de alimentos e o impacto de questões geopolíticas, especialmente as eleições presidenciais dos Estados Unidos, sobre o dólar foram citados como fatores que podem limitar a desinflação em 2024.

Alguns economistas apresentaram projeções de IPCA entre 3,5% e pouco acima de 4% este ano, mais próximas de 4%. A avaliação dos participantes do encontro é que o mercado adotou um certo "otimismo exagerado" com a dinâmica inflacionária, que passou a ser dosado após a forte alta dos alimentos no IPCA de dezembro. De uma forma geral, a avaliação é que houve um otimismo, talvez exagerado, nas expectativas de inflação no fim do ano passado. A leitura é que os riscos ainda estão presentes e que o mercado está começando a deixar o otimismo de lado e se tornando mais realista. Do lado doméstico, os preços de alimentos são o principal risco para a inflação, devido aos efeitos do El Niño. Alguns dos economistas falaram em quebras de 25% a 50% na safra de soja este ano, que pode pressionar as cotações. Outro fator doméstico mencionado foi a inflação de serviços. Há o risco de que o mercado de trabalho se mantenha apertado, com aumento contido do desemprego, o que poderia gerar pressão por ganhos reais de salários.

O Real deve passar por alguma apreciação este ano. Há uma tendência de enfraquecimento global do dólar, motivada pela redução dos juros nos Estados Unidos. Com isso, o Brasil, bem-posicionado entre emergentes, pode se beneficiar do ingresso de fluxo externo. Mas, os fatores geopolíticos podem limitar a queda geral da moeda norte-americana e levar a uma apreciação menor da divisa brasileira. Se o dólar enfraquecer no mundo inteiro, o Real tenderia a ser beneficiado e esse movimento poderia gerar uma surpresa positiva na inflação de bens, permitindo um IPCA mais próximo de 3,5% a 3,7%. No cenário alternativo, o Real não se apreciaria tanto, o risco para os preços de alimentos e serviços se sobressairia e o IPCA ficaria mais próximo de 4%. No caso de uma vitória do ex-presidente Donald Trump nas eleições norte-americanas, por exemplo, a relação entre Estados Unidos e China pode se desgastar e levar a uma deterioração na dinâmica do comércio internacional. A guerra no Oriente Médio pode gerar pressões nos fretes marítimos, e a tensão entre China e Taiwan.

Também pode estar havendo um "otimismo exagerado" nas projeções de inflação dos Estados Unidos e não está claro que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) vá começar a cortar juros já em março, como precifica o mercado. Alguns dos economistas veem o início dos cortes já nesse mês, mas outros falaram no risco de que o ciclo só comece em maio, junho ou depois. A percepção dos analistas é de que os últimos dados mostraram não apenas uma inflação mais forte, como também uma atividade econômica mais robusta no país. O pessoal está preocupado com o timing dos cortes, se de fato as condições estarão favoráveis a uma queda agora ou se essa redução dos juros será empurrada para o segundo trimestre ou até para o segundo semestre. A maioria das expectativas sugere queda dos juros brasileiros a um nível próximo de 9% no fim do ciclo, mas o nível terminal dependerá dos Estados Unidos. Se o Fed demorar mais para começar a cortar, é mais provável que a Selic fique mais próxima de 9,5%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.