ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

13/Dec/2023

COP30: Belém busca superar desafios urbanísticos

Da metrópole dos arranha-céus imponentes no meio do deserto no Oriente Médio para a cidade quente na entrada da Floresta Amazônica, dois anos ainda separam a COP28, em Dubai, da COP30, em Belém (PA). Oficializada no dia 11 de dezembro como sede da conferência em 2025, a capital do Pará quer aproveitar esse período para mobilizar investimentos públicos e privados, mas se depara com desafios urbanísticos da metrópole que tem 40% da população abaixo da linha da pobreza. Em agosto, a cidade de 1,3 milhão de habitantes passou pelo primeiro grande teste antes da conferência da ONU, com a realização da Cúpula da Amazônia. O evento reuniu o presidente Luis Inácio Lula da Silva com delegações de todos os países que abrigam a maior floresta tropical do planeta, além de convidados de outras regiões. A oferta limitada de hotéis e as opções caras de passagens áreas foram questões que ficaram evidentes antes mesmo da chegada dos participantes. Nas ruas, engarrafamentos atrasaram o cotidiano das pessoas. Uma frase se tornou comum naqueles dias: "Imagina na COP?".

A Secretaria de urbanismo de Belém reconheceu a miríade de questões que devem ser solucionadas para o sucesso da COP30. O crescimento desordenado da malha urbana criou gargalos relevantes que dificultam o funcionamento urbanístico. O maior desafio hoje é trabalhar a mobilidade urbana, com obras estruturantes para dar vazamento principalmente no trânsito e no direito de ir e vir das pessoas. Para viabilizar os projetos, o poder público local tem corrido atrás de crédito em diferentes esferas. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prevê ao menos US$ 3,2 bilhões em financiamento como parte de uma linha de empréstimos voltada para Estados e municípios. A previsão é de que esses recursos sejam usados em áreas como saneamento, abastecimento de água, turismo, mobilidade, entre outros. Os transportes públicos representam um dos principais pontos mais complexos. Belém dispõe de uma das frotas de ônibus mais antigas do País, com veículos que chegam a 14 anos. O Ministério das Cidades liberou quase US$ 370 milhões para a compra de 265 novos coletivos, dos quais 40 serão elétricos.

A frota está desgastada e já, há mais de 20 anos, se trabalha com a ideia de alterar a modalidade. Entre as principais obras nesse sentido, a estrutura para um corredor de trânsito rápido (BRT) já está pronta, mas enfrenta dificuldades para fechar a concessão ao setor privado. Em fevereiro, a prefeitura abriu uma licitação que previa R$ 2,8 bilhões em investimentos, mas o edital não atraiu empresas interessadas. Agora, a prefeitura está dando um novo passo para refazer a licitação e, da forma como está sendo preparada, ela está mais atrativa. Para além do deslocamento, contudo, Belém carece de estruturas indispensáveis para a realização de um grande evento. O governo brasileiro trabalha com o cenário de um público total de até 50 mil visitantes, entre dignatários e representantes da sociedade civil. Para recebê-los, a rede hoteleira local terá que, no mínimo, quadruplicar o número de leitos, atualmente em 12.115, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará (ABIH-PA). Na pauta, as respostas em discussão incluem a adaptação de espaços como escolas, que seriam modernizados e deixariam como legado os prédios reformados.

Outra ideia é usar navios ancorados no Porto de Belém. Durante a Cúpula da Amazônia, o governador do Pará, Helder Barbalho, explicou que a ação demandaria uma reforma para ampliar a profundidade do canal dos 6 metros atuais para 9,8 metros. Isso deixará legado, pois Belém terá condição de estar na rota dos grandes cruzeiros. Até mesmo porque não há dúvida, que no dia seguinte à COP30, Belém entra na rota da curiosidade e passará a ser a capital da Amazônia, ressaltou. De uma maneira mais ampla, Belém tem um déficit de infraestrutura básica que vai além do simples desafio para a realização da COP, afirma a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Pará (UFPA). O processo de construção de equipamentos urbanísticos tende a demorar algum tempo. A COP é uma janela de oportunidade gigantesca para fazer algumas coisas, mas é preciso ser realista, no sentido de que obviamente não vai dar para fazer tudo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.