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13/Dec/2023

Brasil e EUA: agenda verde intensificando a relação

Segundo a Amcham Brasil, a câmara norte-americana de comércio para o País, há uma janela de oportunidade para o Brasil intensificar sua relação bilateral com os Estados Unidos e se beneficiar de investimentos privados norte-americanos, se avançar rumo à transição para uma economia de baixo carbono. No momento, Brasil e Estados Unidos compartilham a avaliação de priorização da agenda ambiental e climática. Hoje, é a coluna vertebral da relação entre os dois países, dado o potencial de aproximação e de impacto que pode gerar do ponto de vista econômico e ambiental. A Amcham reúne empresas que respondem por um terço do PIB brasileiro. Além de prioridade política, tanto Brasil como Estados Unidos são potências ambientais e potências na agenda climática em razão do volume de recursos ambientais que os dois países guardam.

É fundamental que Estados Unidos e Brasil estejam engajados para agenda climática ter sucesso. Em setembro, uma missão com representantes do setor privado e do governo dos Estados Unidos esteve no Brasil para discutir o assunto. A delegação foi chefiada pelo embaixador David Thorne, assessor sênior de John Kerry, enviado especial do clima do presidente norte-americano Joe Biden, e contou com a presença de representantes de 30 empresas norte-americanas. A percepção foi positiva e eles ficaram surpresos com o nível de desenvolvimento, interesse e engajamento do setor privado brasileiro nessa agenda. Há uma semana, a Amcham lançou a plataforma Brasil Pelo Meio Ambiente, que reúne 183 projetos de 111 empresas associadas, que mobilizam investimentos de R$ 31 bilhões em projetos de preservação ambiental.

A convergência da visão de Estados Unidos e Brasil sobre a adoção de uma política de desenvolvimento econômico baseada na transição energética e na descarbonização é fruto de um alinhamento recente entre os governos. Durante o mandato do ex-presidente Donald Trump (2017-2020), a Casa Branca menosprezou informes científicos sobre mudanças climáticas. Ao assumir o Planalto, em 2018, o ex-presidente Jair Bolsonaro endossou o posicionamento de Trump. A partir de 2021, quando Joe Biden assumiu o governo norte-americano e colocou a questão climática como pilar de suas políticas econômica e externa, o Brasil tentou modular o discurso, mas encontrou ceticismo e distanciamento por parte do governo norte-americano. Os dois países voltaram a se engajar a partir de janeiro deste ano, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi empossado e assumiu discurso afinado com a posição de Biden sobre o assunto.

Há uma janela que precisa ser aproveitada, porque o cenário político é favorável, mas também porque existe uma emergência climática. O Brasil está bem-posicionado, mas precisa se movimentar. O setor empresarial tende a se mover cada vez mais na direção dos investimentos em agenda verde, independentemente da posição dos governos. Se houver uma mudança política, certamente os agentes vão buscar se reorganizar, mas com uma determinação de dar continuidade a essa transição. A relação comercial entre Brasil e Estados Unidos tradicionalmente esbarrou em áreas onde os países competem pelo mesmo mercado. Na leitura da Amcham, no entanto, os dois países podem se complementar na agenda de transição energética. Essa agenda não foi abordada a partir de uma perspectiva de concorrência, mas de complementaridade e trabalho conjunto. O trabalho em conjunto potencializa os resultados de ambos os países. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.