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12/Dec/2023

Estimativas para a economia brasileira em 2024

O terceiro recorde consecutivo da balança comercial, estimado acima de US$ 90 bilhões para 2023, deve ser sucedido por desaceleração do saldo em 2024. Arrefecimento da safra de grãos, desaceleração na China, dúvidas sobre o novo governo da Argentina e questões climáticas envolvendo o El Niño são apontados como fatores de atenção pelo lado das exportações, ao passo que, do lado das importações, há a expectativa de recuperação parcial de fôlego diante do afrouxamento monetário brasileiro. O horizonte, porém, é de saldo ainda robusto, com projeções que variam de US$ 70 bilhões a US$ 82,5 bilhões, acima da média histórica e do nível de US$ 61,525 bilhões registrado em 2022. Esse fator deve ajudar a manter a cotação do dólar ante o Real comportada, mais próxima dos R$ 5,00 mesmo diante da diminuição do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos com o ciclo de cortes da Selic mais adiantado que o dos Fed Funds. A expectativa da XP Investimentos reflete a robustez das contas externas brasileiras.

A balança vai seguir como protagonista, mesmo com a perspectiva de um desempenho menor do que o deste ano. A projeção é de superávit comercial de R$ 95,5 bilhões em 2023 e de US$ 82,5 bilhões em 2024. A desaceleração deve refletir certa normalização dos custos de importação. Houve uma deflação global este ano em relação a 2021 e 2022, quando se falou muito de gargalos na produção. Os custos menores da importação em 2023 contribuíram para os sucessivos saldos positivos nas leituras mensais da balança. Do lado das exportações, mesmo sem o impulso da safra recorde de soja deste ano, os estoques domésticos ainda elevados devem dar margem para novos embarques robustos, já que a demanda ainda é resiliente. Os envios de minério de ferro também devem contribuir para uma continuidade ainda expressiva do quantum das exportações. Há muita discussão sobre a desaceleração da China e o eventual efeito de algumas tensões geopolíticas sobre as exportações do Brasil, mas isso não está refletindo em demanda menor para as commodities brasileiras.

Para o Rabobank, a desaceleração da economia chinesa é um dos principais pontos de atenção para a balança comercial em 2024, junto com a mudança de governo na Argentina, o desenrolar do acordo entre o Mercosul e a União Europeia e a possibilidade de um El Niño mais forte do que o esperado. O banco prevê, por enquanto, superávit comercial de US$ 80 bilhões para 2024. A projeção para 2023, atualmente de US$ 93,8 bilhões, já foi ajustada duas vezes e deve ser novamente revista para cima. No horizonte para o ano que vem, os grãos devem seguir com contribuição importante, mesmo diante da expectativa de uma safra menos robusta e das incertezas sobre o impacto do El Niño. A exportação de grãos não é muito afetada pela política monetária. Então, mesmo com os juros em nível restritivo e com desaceleração da atividade econômica nas economias para as quais o País exporta, essa demanda não deve cair tanto. O desaquecimento das economias globais, porém, deve enfraquecer a demanda por outros bens, corroborando o arrefecimento previsto para o saldo comercial.

No Brasil, os efeitos defasados do início do processo de afrouxamento monetário devem possibilitar algum aumento das importações. Um incremento das importações também faz parte do cenário do Banco Inter. O investimento mais fraco em 2023 acabou limitando a abertura. Em 2024, à medida que a Selic for caindo, essa demanda pode aumentar e as importações voltarem um pouco. O saldo comercial está previsto entre US$ 70 bilhões e US$ 75 bilhões em 2024, após US$ 95 bilhões em 2023. O preço menor das commodities e uma produção agrícola menos volumosa também tendem a contribuir para o arrefecimento. A continuidade do fluxo comercial massivo tende a contribuir para moderar o câmbio ao longo de 2024, prevê a XP, que projeta dólar em R$ 4,80 no fim do ano que vem, após R$ 4,90 no encerramento deste ano. Se não fosse a robustez das contas externas, a cotação poderia estar acima de R$ 5,00.

Há muitos outros elementos de incerteza para o câmbio, como o comportamento de outros bancos centrais pelo mundo e a questão fiscal doméstica. O Banco Inter vê o câmbio um pouco mais depreciado. O fluxo comercial do ano que vem deve contribuir para uma taxa próxima do equilíbrio, com isso projeta dólar em R$ 5,00 no fim de 2024, ante R$ 4,95 no fim de 2023. O diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos pode mexer nesse cenário. Se o juro nos Estados Unidos cair mais, por exemplo, há potencial para valorizar um pouco mais o Real. Já o Rabobank prevê dólar em R$ 5,05 neste ano e R$ 5,15 no ano que vem. O ciclo de corte de juros tende a ajudar a depreciar o Real, já que o diferencial de juros com os Estados Unidos tende a aumentar conforme o Brasil vai fazendo cortes na Selic. A previsão é de Fed Funds estáveis por grande parte do primeiro semestre. O risco fiscal também acaba impactando a taxa de câmbio. Houve um avanço importante das reformas, mas também há dificuldades para entregar a meta de zerar o déficit em 2024 e as metas de superávit em 2025 e 2026. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.