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12/Dec/2023

China manipula dados sobre desemprego de jovens

Em junho, quando a taxa de desemprego entre os jovens da China atingiu o recorde de 21,3%, os analistas ocidentais viram isso como um sinal de uma recuperação moribunda. O Ministério de Estatísticas da China reagiu anunciando que não publicaria mais essa estatística. Seis meses depois, essa medida pode ter surtido o efeito desejado. Um em cada cinco jovens sem emprego normalmente seria considerado uma crise. Mas, na ausência de dados, a situação do mercado de trabalho para jovens na China tornou-se uma questão de anedota e suposição. Segundo o American Enterprise Institute, que estuda a economia chinesa, o governo manipula seus números e, quando eles se tornam constrangedores, param de produzi-los.

A empresa de pesquisas Morning Consult realiza uma pesquisa diária de acompanhamento do sentimento do consumidor na China que mostra que os jovens têm um sentimento consistentemente mais baixo do que os grupos mais velhos, destacando o quanto os jovens continuam mais insatisfeitos economicamente. De forma anedótica, há um movimento de "deitar-se", em que os jovens desiludidos optam por sair totalmente do mercado de trabalho. A China Media Project, que estuda o cenário da mídia chinesa, atribui a frase a uma publicação viral nas mídias sociais de um jovem desempregado intitulada "deitar-se é justiça", que inspirou todo um movimento para desistir da luta pelo sucesso no local de trabalho e rejeitar a promessa de satisfação do consumidor.

Isso claramente atraiu alguns jovens chineses nas mídias sociais. Mas até que ponto ele é realmente predominante? Ninguém sabe. Há ainda o aumento de adultos desempregados que moram com os pais em troca em uma "mesada". Uma estimativa na China, com base em dados até março (antes de as estatísticas de desemprego entre os jovens serem interrompidas), calculou que o número de jovens nessa situação está em 16 milhões. A população total de 16 a 24 anos é de cerca de 150 milhões. Porém, mesmo que esse número fosse atualizado regularmente, ele não é realmente o mesmo que o desemprego, que é definido como a busca ativa de emprego e só pode ser determinado por meio de uma pesquisa projetada e executada adequadamente.

Nem todas as pessoas que moram em casa o fazem por estarem desempregadas ou por terem desistido de procurar emprego. Outros podem estar cuidando de pais idosos, preparando-se para retomar os estudos ou doentes. A mídia estatal chinesa adotou o termo "emprego lento" para designar o tempo livre após a faculdade. Uma agência chinesa de recursos humanos publicou uma pesquisa dizendo que cerca de 19% dos formandos escolherão o "emprego lento" este ano, acima dos 16% do ano passado. Alguns provavelmente optaram genuinamente por iniciar suas carreiras de forma lenta, mas para outros, esse é um eufemismo para salvar a face do desemprego. Mais uma vez, isso não diz muito sobre a verdadeira situação do desemprego.

As histórias não parecem muito diferentes das dos Estados Unidos, como a "demissão silenciosa" ('quiet quitting", viral nas mídias sociais), que se refere a não levar o trabalho muito a sério, fazendo o mínimo necessário. Na ausência de dados, essas anedotas se proliferam. Mas elas são mal definidas, certamente menos bem definidas do que, por exemplo, o desemprego, e fornecem pouca noção do que está mudando de um mês para o outro. Enquanto isso, obter dados confiáveis da China está ficando mais difícil. No início deste ano, a China National Knowledge Infrastructure, o maior banco de dados acadêmico de relatórios governamentais, restringiu o acesso a universidades fora da China. A Wind Information, sediada em Xangai, fornecedora de dados econômicos e financeiros, impediu que think tanks e empresas de pesquisa estrangeiras renovassem suas assinaturas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.