06/Dec/2023

Segundo o Santander, a safra agrícola e os estímulos fiscais, responsáveis pelo crescimento acima do previsto do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, não entregarão o mesmo impulso à atividade em 2024. Assim, a tendência é de redução do ritmo de crescimento: de 2,5%, previsto para 2023, para algo mais próximo de 1% no ano que vem. A safra deve se sustentar, porém com certa acomodação após o recorde deste ano. Em paralelo, o plano de governo de buscar um ajuste das contas públicas pela arrecadação tende a anular o impulso da quitação de precatórios, cujo impacto é estimado em 0,3% do PIB.

A economia também deve sentir os efeitos defasados do aperto monetário, ainda que não seja em intensidade crítica. A administração atual tem preocupação e reconhece a necessidade de ajuste das contas públicas. No entanto, buscou maior flexibilidade para gastos no novo marco fiscal. A consequência é um ajuste que deve ser muito gradual. Há preocupação com funcionamento, na prática, do novo arcabouço, devido a pressões estruturais, como o piso para despesas com saúde e educação, que, em paralelo ao crescimento das despesas obrigatórias, podem “estrangular” o novo marco fiscal já em 2025. A dívida pública pode alcançar 90% do PIB em poucos anos, o que é muito para um país emergente, onde os juros neutros são maiores do que o crescimento potencial.

A situação confortável das contas externas representa um alívio às restrições fiscais. O Brasil tem uma situação externa protegida por reservas internacionais, uma dívida pública denominada, basicamente, em Reais e financiada por residentes. Há um contraponto externo muito importante, que tende a relaxar a restrição fiscal. Mas, esse relaxamento não pode levar o País a negligenciar a questão fiscal. É um tema do Brasil trazer uma cultura de responsabilidade com as contas públicas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.