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30/Nov/2023

Embrapa: troca de chefias desagrada os ruralistas

Deputados e senadores da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) fizeram chegar ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o descontentamento e a preocupação com a exoneração recente do chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas (RS), Roberto Pedroso. Eles alegam interferência política no processo e a abertura de precedentes para um "aparelhamento" da empresa em todo o País. Pedroso estava à frente da unidade desde outubro de 2019. A regra da estatal prevê prazo de gestão de dois anos com a possibilidade de duas reconduções e total de seis anos, o que depende de uma avaliação de desempenho por parte da diretoria. O pesquisador havia sido reconduzido ao cargo em abril de 2022 e teria direito a mais dois anos no comando da Embrapa Clima Temperado.

No dia 16 de novembro, ele e os chefes-adjuntos da unidade foram exonerados dos cargos. Aliados afirmam que não houve o devido processo de avaliação da gestão e a abertura de edital para substituição. Foi uma demissão sumária, ao arrepio das normas e procedimentos da Embrapa, disse um pesquisador. No lugar de Pedroso, foi nomeado de forma interina Waldyr Stumpf Júnior, que foi diretor-executivo da Embrapa entre 2011 e 2017. A Embrapa afirmou que a gestão interina será responsável por conduzir o processo de transição em até 120 dias, quando haverá seleção de nova chefia-geral para a unidade de Pelotas. A ideia é trabalhar com transparência interna e externa ampla e irrestrita para que todos se sintam parte do processo, afirmou Stumpf.

Pessoas próximas a Roberto Pedroso afirmaram que ele era tido como "bolsonarista" e foi substituído por conta de pressões políticas. Essa mensagem chegou ao ministro Carlos Fávaro, além da demonstração de preocupação do setor produtivo com uma possível perda técnica do quadro das chefias da empresa. Não houve processo para a exoneração, ele foi apenas comunicado. Uma fonte a par do tema minimizou o movimento e disse que esse tipo de troca é comum na transição das gestões. Questionada sobre o assunto, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, negou qualquer interferência política no processo de troca das chefias-gerais da empresa. Segundo ela, o processo de seleção dos chefes será revisto para ter maior transparência e participação da sociedade e setor produtivo na escolha dos ocupantes desses cargos, modelo que foi alterado e centralizado na diretoria-executiva nos últimos anos.

Silvia Massruhá disse que o Grupo de Estudos Avançados de Aprimoramento do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária sugeriu a redução do tempo de "mandato" para as chefias das unidades, de seis para quatro anos, e que a medida já está sendo colocada em prática. Em alguns casos, não estão sendo abertas a recondução. A norma será alterada para isso. Ela disse que a decisão sobre a substituição de Pedroso seguiu o processo de avaliação dos resultados da gestão, inclusive com análise da força-tarefa dos empregados. No Sul, como já tinha passado quatro anos, a opção foi por não abrir a recondução, pela avaliação, por questões internas, e sim por abrir um processo novo. Não foi força política e não teve pressão, garantiu a presidente. Segundo ela, a gestão nas unidades, em alguns casos, pode agradar ao setor produtivo, mas não é bem avaliada internamente.

Massruhá afirmou que será aberto processo de seleção de novos chefes a partir de março de 2024. Antes tinha participação do setor produtivo, além da diretoria que avaliava os candidatos. Isso era bem-visto pela sociedade. O processo foi muito simplificado nos últimos anos, sem envolvimento do setor. O processo está mais político, mais subjetivo, mas é preciso ter mais transparência, mais participação. A ideia é buscar um meio termo. A presidente ainda citou a troca recente na chefia da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), em Brasília, e pontuou que outras quatro unidades tiveram os chefes reconduzidos: Trigo, Uva e Vinho, Agrobiologia e Amapá. Nesta semana, o pesquisador Alexandre Alonso foi reconduzido por mais dois anos ao cargo de chefe-geral da Embrapa Agroenergia, em Brasília. Ele havia sido nomeado na gestão passada da Embrapa, e estava no posto desde fevereiro de 2021. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.