28/Nov/2023
A deputada eleita Diana Mondino, chanceler designada pelo presidente eleito da Argentina, Javier Milei, afirmou que Brasil e Argentina são países são irmãos e continuarão sendo depois que o candidato de ultradireita tomar posse no dia 10 de dezembro. A integrante do futuro governo de Milei fez a declaração a jornalistas ao lado do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Ela garantiu que a parceria continuará e sinalizou positivamente sobre o apoio de seu país à finalização do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE). Por outro lado, ela afirmou não tem certeza sobre a necessidade de seu país integrar o Brics, num acordo acertado durante o governo de Alberto Fernandez. O Brics é formado atualmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e deverá ser ampliado para 11 membros a partir de 2024. A previsão era que a Argentina fosse um dos novos membros. Mas, com todos os problemas econômicos na Argentina, é difícil prever as vantagens de entrar no bloco.
Hoje, a Argentina já trabalha com praticamente todos os países. A reunião teve como principal objetivo a entrega do convite de Milei para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participe da sua posse. As partes também discutiram sobre a relação bilateral e o atual estágio das negociações de um acordo entre o Mercosul e União Europeia (UE). A intenção da viagem de Mondino, organizada sob a máxima discrição, é a de tentar fazer com que o chefe do Executivo brasileiro compareça à cerimônia no país vizinho, já que, até aqui, sua presença é vista como improvável. Com os ataques de Milei a Lula durante a campanha argentina, a ideia do Palácio do Planalto era de enviar apenas um representante diplomático para acompanhar a posse. Assim, logo após o resultado da eleição na Argentina, Javier Milei mostra uma guinada em seu comportamento em relação ao Brasil. Depois de insultar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva várias vezes durante a campanha, o governo em formação busca agora alguma proximidade.
Um importante aceno foi fato de a futura chanceler ter se deslocado ao Brasil pessoalmente para entregar o convite para que Lula compareça à posse de Milei. O documento foi entregue ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. O chanceler disse que ainda não teve oportunidade de conversar sobre o assunto com o presidente, que estará de volta de compromissos internacionais na data, mas que aguardará suas instruções. Dificilmente Lula mudará de opinião e resolverá comparecer à cerimônia. Até porque o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Milei, também foi convidado para o evento. De forma elegante, Vieira disse que os argentinos têm o direito de convidar quem desejarem, mas de forma mais discreta ainda comentou que costuma haver diferenças muito claras de tratamento para atuais e ex-mandatários em ocasiões como essa. Além da assimetria ideológica entre Milei (candidato de ultradireita) e Lula (considerado de centro-esquerda), foi mais ameno também o tom em relação ao futuro do Mercosul. Durante a campanha, o argentino criticou várias vezes o bloco e, agora, sua emissária diz que é preciso valorizar a união da região.
Ela discutiu ainda com o chanceler brasileiro dando sinais positivos, sobre o tratado comercial do Mercosul com a União Europeia (UE), algo que era criticado igualmente pelo candidato. Mesmo que o novo presidente continuasse sua linha mais dura em relação ao Brasil, é certo que os setores empresariais e da agricultura deixariam a política de lado e continuariam a focar em seus negócios. Empresários costumam ser pragmáticos e, neste caso, já tinham passado por uma situação semelhante, mas ao contrário: durante os mandatos concomitantes de Bolsonaro (direita), no Brasil, e de Alberto Fernández (esquerda), na Argentina. Resta saber agora se será esse Milei que permanecerá nos anos de mandato e, principalmente, como a base que o elegeu interpretará essa guinada de comportamento mesmo antes de tomar posse. Muitos eleitos que tentaram se dissociar de seus “personagens de campanha” foram cobrados pelo eleitorado na sequência e tiveram de amenizar o tom. A ver que caminho o argentino seguirá nos próximos meses. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.