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20/Nov/2023

As cidades mais adaptadas às mudanças climáticas

É urgente adaptar as cidades às alterações causadas pelas mudanças climáticas, alertam especialistas. Nos últimos meses, ondas de calor, ciclones extratropicais e ventanias revelam as perdas e transtornos associados ao aquecimento global. Em todo o País, 2.707 municípios ficaram sob alerta máximo na semana passada, por causa da forte onda de calor que atingiu o Brasil, segundo balanço do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Isso representa quase metade das 5.565 cidades brasileiras.

A situação atinge, principalmente, as Regiões Sudeste e Centro-Oeste, mas também se estende por outras localidades do País. Segundo o Inmet, foi a oitava onda de calor do ano no Brasil, com início em 8 de novembro. O cenário tem sido impulsionado pelo El Niño, fenômeno que favorece o aumento da temperatura em várias regiões do planeta. O El Niño também está ligado à recorrência de temporais e ciclones na Região Sul do País e à severa estiagem na Amazônia, onde a seca dos rios tem atrapalhado o transporte fluvial e é registrado recorde de queimadas em alguns pontos da floresta. O Pantanal também sofre com a alta de incêndios.

A saída para situações como a atual é desenvolver e tirar do papel planos de ação climática que unam mitigação à adaptação. Essa última precisa de um esforço local de mapear vulnerabilidades e propor soluções Apesar de o componente local ser extremamente importante para ações de adaptação e cada cidade precisar de um plano único, especialistas e rankings internacionais apontam localidades com medidas que podem servir de exemplo na luta contra a catástrofe ambiental no planeta.

- Barcelona, na Espanha: um plano de ação climática elogiado por especialistas é o de Barcelona, na Espanha. Segundo a Universidade de São Paulo (USP), lá existe uma especialização de dados em que se enxerga, no mapa, o cruzamento de informações onde estão os idosos, os vulneráveis, as comunidades que mais precisam e os parques e refúgios climáticos. O plano da cidade tem 18 linhas de ação nos mais diversos temas. Entre elas, uma que trata apenas de ondas de calor. As ações de resposta mais rápida incluem, por exemplo, o estabelecimento de um serviço telefônico permanente, coordenado juntamente com serviços médicos no caso de detectar pessoas com problemas de saúde. Outra delas, essa de médio e longo prazo, prevê a expansão de “jardins de água”, que são espaços com fontes, lagos ou piscinas, por exemplo.

- Hong Kong, na Ásia: um território muito pequeno, com área de cidade construída e densidade populacional “absurda”. Aqui, o problema é encontrar espaços para intervenções. É preciso quase procurar com lupa esses espaços. É rua, é calçada, é miolo de quadra. Para lidar com o problema das enchentes, a cidade investe no conceito de “infraestrutura azul-verde”, que, em suma, envolve a expansão de áreas vegetadas e de água. Para isso, além de incentivo a jardins e telhados verdes, o foco também está em pavimentação porosa, tanques de retenção no subsolo, biovaletas (canteiros com vegetação sobre um pavimento poroso) e lagos artificiais.

- Niterói, no Rio de Janeiro: em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, uma medida a ser observada com atenção são jardins filtrantes, que fazem parte de uma operação no Parque Orla Piratininga. Segundo o WRI Brasil, são grandes espaços vegetados que têm a função de filtrar as águas que descem da serra e deságuam na lagoa.

- Campinas, em São Paulo: o WRI Brasil cita Campinas, em São Paulo, como uma cidade que já inclui soluções baseadas na natureza nos seus planos de ação climática. Campinas já tem uma definição de áreas prioritárias, que são justamente onde enchentes, deslizamentos e ondas de calor vão acontecer com maior intensidade. Entre as soluções, está a previsão dos parques lineares, que são maiores em largura do que comprimento, e funcionam como corredores verdes, em geral acompanhando o leito de um rio.

- Berlim, na Alemanha: a cidade aparece no topo do ranking Cidades Resilientes da empresa imobiliária britânica Savills, que analisa como os 23 maiores, mais ricos e mais populosos municípios do mundo se preparam contra eventos relacionados com o clima. Segundo o relatório, ela tem muito “mais sorte” do que outras cidades por ter um histórico quase sem eventos climáticos extremos. A metrópole alemã enfrenta desafios, não emergências, mas, mesmo assim, existe um apoio significativo para ações de mitigação. Segundo a Savills Alemanha, o governo local tenta resolver o problema por meio de instrumentos e diretrizes de planejamento urbano, tais como mais telhados verdes. Eles também estudam conceitos de “cidade-esponja”, um espaço desenhado para absorver melhor a água da chuva, com mais áreas verdes, por exemplo, para prevenir inundações.

- Wellington, na Nova Zelândia: a cidade lidera o índice das cidades ambientalmente seguras da publicação inglesa The Economist de 2021. O ranking é patrocinado pela empresa japonesa de tecnologia NEC. No site oficial, a administração da cidade afirma que, na medida em que trabalham para se tornar zero carbono, é preciso se adaptar a impactos inevitáveis das alterações climáticas. O plano divulgado foca na expansão urbana - “onde queremos crescer?”. Considerando a preocupação com o aumento do nível do mar, as ações focam em: evitar o desenvolvimento em áreas de risco; redesenhar infraestruturas e serviços existentes; construção de proteção, como paredões e revegetação de dunas de areia.

- Ocnita, na Moldávia: em setembro deste ano, a pequena Ocnita foi descrita pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP) como a cidade que tornou a adaptação às alterações climáticas uma prioridade. Segundo a agência da ONU, a câmara municipal adotou o Plano de Ação Local para as Alterações Climáticas há um ano, e os investimentos na localidade têm sido feitos considerando as mudanças. Como podemos construir estradas ou pontes sem levar em conta as altas temperaturas dos últimos anos? É como jogar dinheiro ao vento. Os materiais que utilizamos devem ser adaptados às alterações climáticas. Caso contrário, a infraestrutura não resistirá, disse o vice-prefeito de Ocnita. O plano da cidade foca também energias renováveis e eficiência energética. Como exemplo, pode-se citar o jardim de infância público “Ghiocel” que está equipado com painéis fotovoltaicos, que já fornecem um terço da eletricidade consumida.

Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.