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09/Nov/2023

Mercado de Carbono: precificação não é adequada

Segundo a Raízen, o mercado de carbono ainda não é precificado da forma mais adequada. E, justamente por isso, este mercado não chegou a um patamar que viabilize grandes projetos de sequestro de carbono. O etanol, por exemplo, o maior programa de bioenergia do País, produz em média 80% menos emissões do que a gasolina. Essa diferença de emissões que já existe hoje, e em grande escala, essa externalidade positiva não é necessariamente precificada da forma como deveria ser. E isso ocorre com qualquer solução de alto nível de redução de emissões. Neste contexto, a Raízen elogiou o projeto de lei 412/2022, que cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões e regulamenta o mercado de carbono no País, ainda em discussão no Congresso Nacional. Uma vez que é colocado o preço do carbono, como esse projeto de lei pretende, que também coloca o preço das emissões dos gases do efeito estufa, resolve-se uma parte importante da questão da precificação.

O que falta, de fato, é regulamentar o setor de créditos de carbono, porque a tecnologia já está pronta. Há condição, por exemplo, de produzir muito mais biocombustíveis do que é produzido hoje sem aumentar a área plantada com cana-de-açúcar, apenas investindo em inovação, como o etanol de segunda geração, produzido a partir do bagaço de cana-de-açúcar. Entretanto, justamente porque a precificação do mercado de carbono não está ainda regulamentada, a companhia não coloca em pé projetos grandes de descarbonização porque o custo é alto. De todo modo, o País precisa aumentar a oferta de biocombustíveis, e ao mesmo tempo reduzir a pegada de carbono deles. Outra discussão importante sob este aspecto é a "jornada mundial de precificação do mercado de carbono". Isso é um gatilho muito forte para garantir que o Brasil atinja objetivos de descarbonização e dê essa guinada. O potencial está dado; há um nível de emissões muito baixo e uma oferta muito grande de produtos economicamente viáveis, e não se trata de um produto que precise de subsídios para parar em pé (produção de biocombustíveis).

Quanto à possibilidade de o mundo atingir as metas de descarbonização propostas no Acordo de Paris, até 2030, há um "problema de inércia" na descarbonização global. O modelo econômico é baseado em combustíveis fósseis e dura 100 anos e preciso 6 anos para mudar isso. Além de políticas públicas internas, previsíveis e agressivas em bioenergia, o Artigo 6 do Acordo de Paris, que prevê cooperação internacional para auxiliar países em desenvolvimento, especialmente aqueles particularmente vulneráveis às mudanças climáticas, pode destravar a transição energética no País, sem ter que se manter o custo desta transição no Brasil, lembrando que o aquecimento global é um fenômeno internacional. Desta forma, a cooperação internacional tem que acontecer, pois ela vai ser a chave para destravar temas sensíveis como 'quem paga a conta'. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.