08/Nov/2023
Lavouras de cacau alternadas com plantações de banana, linhas de guaraná semeadas com cupuaçu, cacau com seringueira, coco e seringueira. Esses são alguns exemplos de agroflorestas, também conhecidas como Sistemas Agroflorestais (SAFs). O mecanismo funciona como uma produção consorciada de culturas arbóreas, geralmente produtivas, e agrícolas e reúne várias espécies vegetais na mesma área, diferentemente das monoculturas. O Censo Agropecuário de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mais recente, mostrou que havia pelo menos 13,863 milhões de hectares cultivados em sistemas agroflorestais no País. Diante do potencial de expansão das agroflorestas, o governo federal desenha um programa de incentivo ao modelo.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), o chamado Programa Nacional de Florestas Produtivas pretende estabelecer uma política pública de incentivo aos SAFs com assistência técnica específica e crédito rural. Os sistemas agroflorestais, por envolverem plantas arbóreas, apresentam maior resiliência às mudanças climáticas, como a mudança no regime de chuvas. É um sistema viável para produzir alimentos e contribuir com o sequestro de carbono. Aliar produção de comida, geração de renda e agenda ambiental é bastante viável. Um projeto-piloto é feito no Pará abrangendo 1,6 mil famílias de 20 assentamentos rurais, com investimento de R$ 13,6 milhões para restauração das áreas com agroflorestas.
A Amazônia é um bioma que reúne uma concertação maior ao trazer a COP-30 para o País e um dos locais com maior insegurança social e de renda. O governo quer chegar na COP-30 com resultados concretos do projeto e, no âmbito da discussão climática, discutir financiamento para expansão do programa. A expansão ocorre sobretudo no bioma amazônico, mas também há sistemas agroflorestais produtivos no Cerrado (seringueira, café e banana), na Mata Atlântica (bananeira, cacau e copaíba) e nos Pampas (erva-mate e pinhão). Os SAFs são adotados especialmente por pequenos e médios produtores. A maioria das espécies é nativa e, portanto, mantêm as florestas locais em pé.
De acordo com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), as agroflorestas se inserem nos conceitos mais modernos de agricultura sustentável, de baixo carbono, regenerativa e conservacionista. São vários benefícios ambientais, como a maior proteção do solo, um potencial grande de sequestro de carbono e a sua utilização para recuperar áreas degradadas. Na Amazônia, é muito comum a agrofloresta como uma alternativa para recuperação de áreas desmatadas e pastos degradados. São sistemas adaptáveis a todas as regiões do País.
Uma das principais vantagens econômicas das agroflorestas aos produtores rurais é o fato de que o cultivo consorciado de produtos permite que os agricultores tenham colheita ao longo de todo o ano, gerando renda contínua ao produtor, e incentivando as comunidades locais. A diversificação do cultivo garante ao produtor, além de ter várias rendas na mesma área produtiva, uma maior proteção à volatilidade dos preços das commodities. Se o preço do cacau está baixo e o da banana atrativo, ele consegue uma maior estabilidade na renda. Além disso, alguns produtos têm potencial de exportação, caso do café e do açaí. Se comparada à pecuária intensiva, a agrofloresta permite obter uma renda até cinco vezes maior na mesma área. Sem dúvidas, é um sistema viável economicamente. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.