01/Nov/2023
O dólar fechou esta terça-feira (31/10) em leve baixa ante o Real, na contramão do movimento visto no exterior, em um dia marcado pela disputa entre investidores pela formação da taxa de câmbio de fim de mês e pelas tentativas do governo Lula de reduzir o mal-estar em torno da questão fiscal brasileira. O dólar fechou a R$ 5,04, em baixa de 0,15%. Em outubro, a moeda norte-americana acumulou alta de 0,26%. No início da sessão, os negócios foram marcados por maior volatilidade, em meio à disputa de investidores pela formação da Ptax do fim de outubro. A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista e que serve de referência para a liquidação de contratos futuros.
No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa). A atuação dos agentes fez o dólar marcar a cotação mínima de R$ 5,00 (-0,77%) e, posteriormente, atingir a máxima de R$ 5,07 (+0,47%). Definida a Ptax, em R$ 5,05, o dólar passou a oscilar com menos influência de fatores técnicos. Com isso, os investidores se voltaram principalmente para o noticiário. Desde sexta-feira (27/10), o dólar no mercado brasileiro vem sendo pressionado pelas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que a meta fiscal de 2024 não precisa ser zero e que o objetivo dificilmente será alcançado, já que ele não pretende cortar investimentos.
Na segunda-feira (30/10), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou minimizar as declarações de Lula, mas acabou por reforçar a pressão de alta para as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros). Nesta terça-feira (31/10), o foco esteve na reunião entre Lula e líderes de partidos da base aliada do governo. Na saída do encontro, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que a meta de zerar o déficit primário no próximo ano depende da aprovação de medidas em tramitação no Congresso, que ampliam a arrecadação federal. Neste cenário, após dois dias de alta, o dólar sustentou perdas ante o Real, na contramão do exterior, onde a divisa norte-americana subia ante a maioria das demais moedas, mas a questão fiscal serviu como limitador do movimento de baixa no Brasil.
Segundo a Commcor DTVM, o mercado ficou mais suscetível à formação da Ptax, e ainda reflete o susto, quando o presidente Lula falou sobre a área fiscal. Assim, as cotações ficam numa inércia trazida pelo fiscal. Nesta quarta-feira (1º/11), as atenções estarão voltadas para as decisões sobre juros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) e do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Como quinta-feira (02/11) é feriado no Brasil, também é esperada certa pressão compradora de dólares por parte de agentes interessados em posições mais protegidas até a segunda-feira (06/11). O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,46%, a 106,650. O Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de janeiro. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.