11/Oct/2023
O Fundo Monetário Internacional (FMI), no Relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO), divulgado nesta terça-feira (10/10), revisou para baixo suas projeções para o crescimento da China, observando que a aceleração econômica do gigante asiático está arrefecendo. O movimento ocorre depois da disparada no início do ano, relacionada à reabertura da economia no pós-pandemia. Indicadores sugerem que haverá um enfraquecimento ainda maior à frente, sendo a crise do setor imobiliário o principal fator pressionando o crescimento atualmente. O FMI prevê avanço do Produto Interno Bruto (PIB) chinês de 5,0% em 2023 e de 4,2% em 2024. No relatório de julho, as previsões eram 0,2% e 0,3% maiores, respectivamente. A Country Garden (maior incorporadora imobiliária da China e uma das principais beneficiárias de apoio governamental) enfrenta um grave estresse de liquidez, um sinal de que a crise imobiliária está se espalhando para incorporadores mais fortes, apesar das medidas de flexibilização das políticas.
Enquanto isso, o investimento imobiliário e os preços da habitação continuam a diminuir, pressionando as receitas dos governos locais provenientes da venda de terrenos e ameaçando as já frágeis finanças públicas. A turbulência no setor, somada às incertezas no mercado de trabalho, pesam sobre o consumo na China. A confiança do consumidor continua fraca, assim como a produção industrial, o investimento empresarial e as exportações seguem arrefecendo, refletindo uma combinação de demanda estrangeira em declínio e incertezas geopolíticas. A extensão da desaceleração chinesa dependerá da reação de política do governo. Para ser eficaz, a resposta terá de preservar a estabilidade financeira, acelerar a reestruturação de incorporadoras em dificuldades, facilitando a conclusão de projetos de habitação, e resolver a crescente tensão nas finanças de governos locais, o que ajudaria a restaurar a confiança das empresas e dos consumidores.
O Banco do Povo da China (PBoC) ainda tem algum espaço para relaxar a política monetária, dada a falta de pressões inflacionárias. Ao mesmo tempo, os gastos fiscais podem ser reorientados em direção aos gastos, com multiplicadores fiscais mais altos, mantendo a postura fiscal neutra no geral. Exportadores de commodities e países que são parte da cadeia de suprimento industrial da Ásia são os mais expostos à falta de ímpeto na China. Ao mesmo tempo, caso preocupações com a estabilidade financeira chinesa piorem, outros mercados emergentes podem ser impactados através de volatilidade de taxas de câmbio e desestabilização dos fluxos de capital. A crise do mercado imobiliário chinês está se aprofundando e é necessária uma "ação forçada" das autoridades. Mesmo que medidas já tenham sido tomadas, ainda há mais trabalho há fazer para solucionar os problemas no segmento. Se isso não acontecer, há chances de o problema se tornar pior. A confiança no setor imobiliário chinês só será recuperada com uma ação imediata do governo para reestruturar a estabilidade financeira no segmento. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.