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04/Oct/2023

Os produtores de petróleo e a transição energética

Menos de dois meses antes de receber a cúpula climática das Nações Unidas, os Emirados Árabes Unidos (EAU) reuniram na segunda-feira (02/10), os produtores mundiais de combustíveis fósseis para uma das maiores conferências anuais de petróleo e gás do mundo. O país apelou ao setor para se posicionar como fundamental para os esforços mundiais de redução de emissões. Os Emirados realizam a conferência petrolífera todos os anos, mas ficou claro que o evento foi reformulado antes da COP28 como uma reunião das principais lideranças da indústria para debater formas de reduzir as emissões. A COP28 começa em 30 de novembro, em Dubai. Muitas empresas usaram a exposição para mostrar seus progressos em direção às metas de emissões líquidas zero, com pouca menção às suas proezas de engenharia. Não houve reconhecimento oficial de que, com os preços do petróleo perto dos US$ 100,00 por barril, os produtores de petróleo vivem tempos de expansão.

A conferência, conhecida como Adipec, tem um slogan diferente dos anos anteriores: "Descarbonizar. Mais rápido. Juntos". Os executivos disseram que tinham de mudar a narrativa de que o setor de combustíveis fósseis não faz o suficiente e, em alguns casos, bloqueia o progresso na seara climática. A Eni, petrolífera italiana, afirmou que o setor não pode ser visto como inimigo. Os Emirados Árabes enfrentam um desafio para equilibrar seu papel como grande produtor de petróleo com o de sede de uma conferência sobre o clima. Ativistas climáticos criticaram a escolha do presidente da COP28, dizendo que ele tem um conflito de interesses como executivo do petróleo. Mas, as autoridades dos Emirados e outros presentes na conferência dizem que é hora de o setor ter uma voz mais forte na conversa sobre a transição energética. Um painel de cientistas da ONU no início deste ano disse que limitar o aquecimento global requer uma mudança massiva e rápida no fornecimento de energia mundial. O painel calculou que o mundo deve reduzir as emissões em pelo menos 43% nos próximos sete anos para atingir as metas climáticas.

No entanto, o mundo deve fazer isso ao mesmo tempo em que garante a prosperidade humana, satisfazendo as necessidades energéticas da crescente população do planeta. Os esforços para atingir as metas de emissões estão em curso em alguns países, mas foram sufocados pela guerra na Ucrânia, que perturbou o comércio internacional de combustível, e pela sede de crescimento econômico em países como a China e a Índia. As emissões globais de gases de efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2022 e a previsão é que continuem em trajetória ascendente, segundo os cientistas. Autoridades e executivos de algumas das maiores empresas de petróleo do mundo discutiram a necessidade de produzir mais combustíveis fósseis, e não menos, para garantir o fornecimento global de energia. A TotalEnergies afirmou que o mundo precisa de petróleo e gás e que a oferta está atrás da demanda. Alguns produtores emergentes de petróleo e gás afirmaram também que as metas de emissões estabelecidas sob a pressão das nações industrializadas estão fora de sintonia com suas necessidades.

Uganda, por exemplo, só recentemente se tornou um produtor de petróleo e sua população depende em grande parte da queima de madeira para aquecimento e cozinha. Não se pode dar um salto mortal do carvão para o hidrogênio, disse a ministra da Energia de Uganda, que aproveitou a conferência para manter conversações com empresas dos Emirados para investir em gás em botijões e refino de petróleo para que o país pare de cortar árvores. Os EAU, a Arábia Saudita e outros grandes produtores de petróleo queixam-se frequentemente de que as negociações sobre o clima excluem as empresas de petróleo e gás que, segundo eles, constituem uma ponte importante entre o que é hoje a produção de energia e como esta evoluirá no futuro. Eles também colocam seus executivos da indústria de combustíveis fósseis no comando dos esforços de transição energética. No ano passado, o Egito foi o primeiro a convidar empresas de petróleo e gás para participarem da COP27, realizada na cidade de Sharm El Sheikh.

Os ativistas climáticos criticaram a iniciativa, dizendo que os produtores de petróleo do Golfo bloquearam uma declaração final mais assertiva sobre a redução do uso de combustíveis fósseis. O presidente da COP28 afirmou que a redução progressiva dos combustíveis fósseis é inevitável e essencial. No entanto, isto deve fazer parte de um plano abrangente de transição energética que seja justo, rápido, equitativo e responsável. Os EAU produzem 4 milhões de barris de petróleo bruto por dia e planejam aumentar para 5 milhões de barris até 2027, segundo o Ministro da Energia do país. Os Emirados decidiram acelerar o plano de expansão da produção para compensar a falta de outros produtores, que têm sofrido com a perda de investimento no aumento de capacidade. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), liderada pela Arábia Saudita, da qual os EAU são um membro proeminente, argumenta pública e privadamente que quaisquer apelos para redução do investimento em petróleo e gás natural poderiam levar à alta dos preços e aumentar a distância entre países ricos e pobres.

A Opep e seus aliados, incluindo a Rússia, são responsáveis por quase metade da produção mundial de petróleo. Segundo a Opep, há apelos para parar de investir em petróleo, mas isto é contraproducente. A pedra angular da prosperidade econômica global hoje é a segurança energética. O petróleo Brent, a referência internacional, voltou a subir acima de US$ 90,00 por barril, aproveitando os ganhos recentes depois que a Arábia Saudita e a Rússia ampliaram os esforços para manter a oferta restrita. A defesa é de que o setor seja parte integrante da solução. A redução das emissões provenientes da produção de energia, a descarbonização e a expansão das energias renováveis estão entre as principais áreas onde a indústria pode ter o maior impacto no período mais curto. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.