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03/Oct/2023

AM decreta estado de emergência por estiagem

A extrema seca no Rio Negro fez Manaus (AM) decretar estado de emergência no dia 28 de setembro. Além da estiagem recorde que atinge a região, a cidade está coberta por fumaça de queimadas há mais de um mês. Ao todo, 18 cidades do Amazonas já estão em situação de emergência. Outras 37 estão em “alerta” e mais cinco declararam situação de atenção, segundo a Defesa Civil do Estado. O cenário já era sentido por municípios do interior do Estado desde agosto. Em cidades como Benjamin Constant, Careiro da Várzea, Novo Aripuanã, Tefé e Tonantins, as aulas foram suspensas porque os alunos que utilizam o transporte hidroviário não tinham mais condição de chegar às escolas. Agora as consequências da estiagem atingem mais diretamente a capital do Estado, com 2 milhões de habitantes. A Associação dos Moradores e Agricultores da Comunidade Acurau diz que já falta água potável na área rural de Manaus. A maioria das famílias usa água de poço, mas o rio secou tanto que a água agora sai com barro.

O governo estima que a estiagem deve afetar a distribuição de alimentos e água para até 500 mil pessoas. E mais de 100 mil já são afetadas diretamente pelas consequências da seca. No dia 28 de setembro, o Rio Negro chegou a medir 16,11 metros de profundidade. O afluente está a só 3,5 metros de atingir a maior seca da história do Amazonas, quando o mesmo rio atingiu a cota de 13,63 metros, em 2010. Segundo o Porto de Manaus, que mede o rio há décadas, a descida das águas está em uma média de 30 centímetros por dia. No dia 26 de setembro, o governador do Amazonas, Wilson Lima, anunciou parceria com o governo federal para atuar contra a crise. Tem três aspectos importantes para se levar em consideração na estiagem: o primeiro é a ajuda humanitária; o segundo são as questões de desmatamento e queimadas. O terceiro é a atividade econômica, por causa da dificuldade de passagem de balsa e grandes embarcações pelo Rio Madeira. Viralizaram nas redes sociais vídeos de milhares de peixes mortos no Rio Solimões, outro grande corredor aquático do bioma.

Houve registro até de um boto-cor-de-rosa e peixes-boi mortos. Isso ocorreu em Tefé, a 523 Km de Manaus, mas também se repetiu em Manacapuru, região metropolitana da capital. Não há medição oficial do Rio Solimões em Tefé, mas a régua em Coari (a 363 Km de Manaus) aponta que o afluente chegou a medir 4,17 metros no dia 28 de setembro, medida também considerada histórica. Neste ano, o Brasil e o mundo sofrem os efeitos do El Niño, fenômeno climático natural que ocorre com intervalos de dois a sete anos e se caracteriza pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico na região do Equador. Isso interrompe os padrões de circulação das correntes marítimas e massas de ar, o que leva a consequências distintas ao redor do mundo. Na Região Norte do Brasil, o fenômeno se reflete em menos chuvas e seca mais intensa. O El Niño é conhecido por elevar as temperaturas planetárias em 0,1ºC a 0,2ºC. O último fenômeno forte do tipo levou 2016 ao recorde atual de calor global médio, e desencadeou aumento de calor extremo e tempestades.

As águas já estão ficando cerca de 1ºC mais quentes em relação às décadas passadas. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), neste ano em particular, o aquecimento global amplificou de maneira extraordinária o aumento da temperatura dos oceanos. Por isso, há um El Niño muito mais forte do que seria sem o aquecimento global. O aquecimento global é a peça-chave no aumento dos eventos extremos, sem dúvida, como nessas ondas de calor e inundações no Rio Grande do Sul. Até mesmo a base da economia do Estado sofre ameaças: a Zona Franca de Manaus. Segundo ofício enviado pela Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam) ao 9º Distrito Naval, a seca dos rios, especialmente do Madeira, tem afetado a exportação de produtos. A entidade critica a chamada “taxa de seca”, cobrada por cabotadores (que guiam as embarcações no rio), além do custo usual para o serviço. No Amazonas, o trecho mais afetado é a ‘Enseada do Madeira’, por onde, além de produtos da Zona Franca, são transportados combustíveis e alimentos.

Segundo a entidade, as cobranças abusivas para oferecer a passagem segura aos navios tornam os custos finais economicamente inviáveis. Agravando a crise climática no Amazonas, Manaus e outras cidades estão envoltas há semanas numa nuvem de fumaça de queimadas. Em alguns dias, a capital ficou coberta de uma “neblina”, visível mesmo à noite. Até 29 de setembro, foram 6.782 focos de queimadas no Estado. No mesmo período de agosto, foram 5,1 mil, uma alta de 33%. Mas o cenário na mesma época do ano passado foi pior: em 29 dias de setembro do ano passado foram registrados 8.103 focos de incêndio, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que o governo enviará ajuda humanitária aos municípios da Região Norte atingidos pela seca. A previsão é de que sejam necessárias em torno de 300 mil cestas básicas.

O governo do Estado já adquiriu cerca de 70 mil cestas básicas e o governo federal, além de prover esses recursos para ajuda emergencial, também já está trabalhando. Os ministérios da Integração e do Desenvolvimento regional, das Cidades e da Casa Civil articulam para que a Defesa dê suporte logístico à entrega de itens de extrema necessidade. “Trata-se de uma situação de vários eventos extremos. O Brasil é definitivamente um país vulnerável nesse momento em que convive com o que acontece no Rio Grande do Sul, que já havia passado um período de estiagem e agora vive chuvas torrenciais. O Amazonas, que no início do ano passou por cheia extrema e agora vive estiagem extrema. A ministra ressaltou a importância de 1.038 municípios vulneráveis a eventos climáticos extremos terem decreto de situação de emergência para acelerar a resposta às tragédias. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.