28/Sep/2023
Reunião presencial dos negociadores chefes dos dois blocos tentará acelerar as barganhas para o acordo. As barganhas entre o Mercosul e a União Europeia (UE) podem ser aceleradas na terça-feira (03/10) e quarta-feira (04/10) em Brasília, na retomada de reunião presencial de chefes-negociadores dos dois blocos. A reunião está marcada e a Comissão Europeia usará a contraproposta do Mercosul às exigências ambientais adicionais europeias como base para um maior engajamento, visando concluir o acordo birregional. No entanto, ninguém ignora o potencial de dificuldades colocado pelo governo de Luis Lacalle Pou, do Uruguai, a cada micropasso que os parceiros tentam dar nessa negociação, sobretudo nos últimos tempos. O Uruguai joga com o tempo e causa uma sucessão de pequenos atrasos, que tem mais a ver com logística do que com substância. E isso alimenta dúvidas sobre sua declarada intenção de realmente fechar o acordo com os europeus.
Em capitais europeias favoráveis ao tratado com o Mercosul, que darão preferências recíprocas, essa situação não chega a surpreender, já que o Uruguai tem sido uma voz dissonante no Mercosul nos últimos tempos. Durante a plenária da 62ª cúpula de chefes de Estado do bloco, em julho, o Uruguai recusou assinar, pela quarta vez seguida, o comunicado conjunto do Mercosul, a exemplo do que vem acontecendo desde dezembro de 2021. Ao mesmo tempo em que defendia o acordo com a União Europeia, o presidente Lacalle Pou repetiu aos chefes de Estado do bloco que irá seguir sozinho nas negociações de um acordo bilateral com a China, se os sócios do Mercosul não se juntarem à mesa de negociações. Lacalle Pou justificou na ocasião que o Uruguai estaria perdendo “mercados”, ao postergar essa negociação. E reclamou que seu país estava sendo penalizado com uma balança comercial deficitária na região. Enquanto o Uruguai insiste em negociar com a China, o governo chinês conhece a oposição do Brasil ao plano e isso certamente tem impacto nas tentativas.
Por sua vez, o novo presidente do Paraguai, Santiago Peña, joga a pressão pelo fechamento do acordo Mercosul-UE nas costas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, até aproveitando a pose de líder adotada pelo brasileiro. Para Peña, ‘se há alguém que pode fechar o acordo é Lula, será neste ano ou não vai acontecer’. Nas entrelinhas, a mensagem é de que, se o acordo não sair, pode-se jogar culpa no governo brasileiro. O Paraguai terá a presidência do Mercosul no primeiro semestre do ano que vem. Se as dificuldades persistirem para concluir certas barganhas, a visita de Lula à Alemanha no dia 4 de dezembro será uma boa ocasião para algum impulso decisivo. O governo alemão é favorável ao entendimento, necessita de preferências no Mercosul para suas empresas, que perdem mercado na China, e chegará a hora de pressionar decisivamente parceiros como França e Áustria. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.