27/Sep/2023
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) defende que fortes investimentos em energia renovável sejam acompanhados de outros, igualmente pesados, na exploração de petróleo. O “subinvestimento crônico” na indústria petrolífera precisa ser corrigido rapidamente, sob pena de o mundo amargar um déficit de 16 milhões de barris/dia no setor no curto espaço de cinco anos. É preciso considerar tais argumentos. O principal deles é a alta dependência mundial de petróleo, atestada por instituições e consultorias independentes, que se manteve na faixa de 80% nos últimos 30 anos. Pode-se imaginar os efeitos catastróficos que a adesão a um ritmo muito acelerado de queda na produção, ou mesmo a interrupção abrupta, como defendem radicais mais exaltados, causaria à economia mundial. Por se tratar de empreitada complexa, a transição energética demanda planejamento e execução longos.
São décadas de iniciativas, e não significa que, ao final, a geração fóssil seja extinta, mesmo porque nenhuma modalidade de geração tem condições, sozinha, de responder ao crescimento da demanda mundial por energia. Renunciar a qualquer modelo de produção é contratar uma crise energética futura. Nesse contexto, o Brasil encontra-se em um momento limite para a tomada de decisão que definirá a posição que o País ocupará ao fim da transição energética que, segundo especialistas, virá somente após a década de 2050. Integrante da categoria dos países em desenvolvimento, tem a vantagem de abrigar volumosos reservatórios de petróleo em áreas marinhas ultraprofundas e detém a expertise necessária para explorá-las ao menor custo. O mercado brasileiro é também uma grande promessa na produção sustentável de hidrogênio verde e avança rapidamente na geração eólica e solar.
Tem as condições necessárias de planejar o desenvolvimento em praticamente todas as frentes energéticas. Elevar a dependência da importação de petróleo e derivados em razão de uma política equivocada de impedir a exploração das novas fronteiras de petróleo da Margem Equatorial vai custar muito caro. Conter a crise climática é uma obrigação mundial. As vias para mitigar os efeitos do clima, porém, não se resumem à busca de novas alternativas de geração. É importante também encontrar formas de tornar menos poluente a geração fóssil. No Brasil, a Petrobras reportou recentemente a redução de 39% de gases causadores do efeito estufa nos últimos cinco anos. Somente na atividade de exploração e produção, as emissões foram reduzidas à metade ao longo de 13 anos, de 2009 a 2022. De acordo com dados da Opep, a procura global por energia aumentará 23% até 2045.
A era do petróleo ainda está longe do fim, com estimativas de recorde de demanda neste ano e no próximo. Exigências de descarbonização da atividade de exploração, produção e refino são mais plausíveis do que a pregação cega pela interrupção dos trabalhos exploratórios em novas jazidas. A exploração segura e menos poluente da Margem Equatorial tem potencial de fazer a economia brasileira dar um salto de qualidade nos próximos anos. O incentivo à produção de hidrogênio verde em alta escada, o que só ocorrerá por meio de subsídios que reduzam custos, pode colocar o País em posição privilegiada na geração sustentável. A multiplicação de parques eólicos e solares, além da produção de etanol e biocombustível, completa o quadro de diversificação energética brasileira. Desconsiderar qualquer uma dessas atividades será um tropeço lamentável num momento em que o jogo econômico mundial está em pleno deslocamento. O Brasil tem os instrumentos para atuar em todas as frentes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.