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26/Sep/2023

Multinacionais investem pouco em ações climáticas

Na semana passada, em que boa parte da população brasileira se surpreendeu com o alerta vermelho do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) sobre o calor excessivo, uma pesquisa evidencia o tímido investimento em ações climáticas por grandes empresas. Mais da metade das 206 multinacionais ouvidas no levantamento da consultoria OliverWyman direcionam menos de 5% dos investimentos operacionais (Capex) a iniciativas para mitigar os efeitos da atual crise climática. O dado contrasta com o fato de as corporações brasileiras, europeias e norte-americanas entrevistadas demonstrarem preocupação com o assunto. Para 58% das empresas, o tema da descarbonização é relevante e um desafio "altamente preocupante" e uma "ameaça existente" para os negócios até 2030, ou seja, dentro de seis anos.

Alguns motivos foram apontados pelo levantamento "Climate Action - Aligning Corporate And Climate Interests" para esse descasamento entre o discurso e a prática. A ausência de metas claras e/ou políticas públicas foi indicada por 56% dos entrevistados como a maior barreira para definir investimentos e financiamentos robustos para descarbonização. O movimento voluntário das empresas existe, mas tem um limite. Porque, a partir de um certo ponto, fica inviável economicamente aumentar o aporte em ações climáticas, afirma a Oliver Wyman. Se uma empresa está investindo em alguma ação climática, como por exemplo descarbonização, mas o concorrente não, surge um desequilíbrio econômico, e com reflexos comerciais que impede o aumento desses investimentos.

O próprio mercado não deixa essa empresa avançar porque o padrão de consumo não mudou e o investidor continua cobrando um retorno que deixou de ser possível dar. Os números da pesquisa refletem o comportamento médio das empresas abordadas e que há setores e companhias com investimentos maiores, como, por exemplo em fontes de energia renovável, como a solar. Outros 55% responderam que ainda não integram a ação climática nos negócios por não haver um argumento comercial para os processos estratégicos, financeiros e operacionais do negócio. A falta de um marco regulatório é uma das maiores barreiras para o tema avançar nas companhias. A iniciativa do governo federal de iniciar a formulação de uma taxonomia sobre investimentos sustentáveis é muito bem-vinda. Quando criou o Green Deal, a Europa também criou uma série de ferramentas, inclusive essa.

O Brasil precisa discutir a sua própria taxonomia para o empresário, o investidor e o agente financiador no País terem certeza de que o investimento que está sendo feito está alinhado com a estratégia local. Iniciativas como essa, além de regras e políticas claras, são ferramentas importantes para o aumento do investimento na área climática. A política pública e regulação vão nivelar, direcionar e permitir que as empresas que lideram esse movimento, ainda voluntário no Brasil, continuem investindo e que aqueles que ainda não o fazem, comecem. No levantamento, os acionistas foram citados pela maior parte (60%) dos entrevistados como os interlocutores que mais a pressionam a diretoria das empresas por alguma ação climática.

Em seguida, vêm os clientes corporativos (54%), a alta direção e o conselho de administração (43%). Os consumidores são pouco vocais, sendo indicados por apenas 21% dos entrevistados como pessoas que pedem mudanças por causa da crise climática. A OliverWyman realizou a pesquisa em julho deste ano. A pesquisa foi feita com empresas associadas ao Climate Group, parceiro da consultoria e organizador da Climate Week em Nova York. Mais da metade das empresas participantes atua globalmente e os setores mais representativos são indústria manufatureira (26%), varejo e indústria de bens de consumo (19%), tecnologia e mídia (11%) e serviços financeiros (10%). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.