12/Sep/2023
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), após um ano marcado pela queda significativa dos preços das principais commodities agrícolas e, consequentemente, uma menor pressão dos alimentos sobre a inflação, deve haver maior contribuição dos produtos agropecuários na inflação em 2024. Não há perspectiva de continuidade da queda dos preços em 2024, embora não tenha também perspectiva de alta expressiva no ano que vem. Não será o preço dos produtos agropecuários que gerará grande pressão inflacionária, mas certamente também não será esse preço que vai contribuir para alívio da inflação como neste ano. Somente se houver um cenário muito ruim de preço de commodities, que não está no radar. A expectativa é de que os preços dos produtos agropecuários em 2024 se mantenham em nível semelhante aos atuais, mas com viés de alta.
A aposta para o próximo ano é de que não haja grandes oscilações, mas com risco de alta, em virtude de o estímulo ao plantio não ser o mesmo com o preço menor. A safra dos Estados Unidos também pode afetar os preços positivamente, o que é um alento para o produtor brasileiro. Neste ano, as cotações tendem a cair para um nível abaixo do ano passado, mas ainda em patamar superior à média histórica. Para os grãos, não há tendência de recuperação dos preços até o fim do ano por causa da oferta maior na safra 2022/2023, mas está descartado movimento expressivo de queda. O cenário se repete para o café em virtude da safra cheia. Quanto à cana-de-açúcar, o desenrolar da safra ainda deve influenciar no comportamento dos preços até o fim do ano. Em relação à pecuária, pode haver alta sazonal dos preços da carne bovina no fim do ano, com o maior consumo trimestral da proteína no último trimestre. Mas, tende a não ser significativa.
No tocante à carne de frango, a redução do investimento pelas granjas pode impulsionar as cotações, enquanto para os suínos o cenário é de estabilidade. Embora o repasse de preços ao consumidor ocorra em intensidade menor que o repasse de preços do atacado ao varejo, a queda de preços das commodities vem influenciando positivamente no núcleo de alimentos e bebidas do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Nos próximos meses, o cenário para inflação é positivo, com quedas de preço no ciclo de baixa. Neste ano, a perspectiva é de uma inflação de alimentos contribuindo para uma inflação menor. Em contrapartida, o arrefecimento dos produtos agrícolas também pressiona a receita agrícola e, consequentemente, a contribuição da agropecuária para o valor bruto da produção nacional. A queda de preços afeta diretamente o valor bruto da produção, mas tem compensação por quantidade.
Não será um recuo enorme em virtude da safra recorde. Nas exportações, mesmo com a queda dos preços, a receita tende a ser positiva, já que, por enquanto, o volume tem compensado, e o agronegócio tende a manter a participação na balança comercial brasileira. No Produto Interno Bruto do Brasil (PIB), a agropecuária deve registrar contribuição bastante expressiva neste ano, após acumular crescimento de 17,9% no primeiro semestre. A alta interanual, de dois dígitos, bem significativa do PIB agro será o destaque do ano no PIB nacional. A estimativa do Ipea está sendo revisada no momento. A previsão era de crescimento para o ano de 13,2% no PIB da agropecuária, o que, provavelmente, será revisado para cima em virtude das revisões positivas de safra pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Soja e milho serão os principais responsáveis pelo crescimento do PIB da agropecuária. A agropecuária deverá ter uma participação em torno de 8,5% no PIB Brasil deste ano. Para 2024, o setor tende a manter a sua participação, com eventual leve retração na participação. O crescimento do PIB agro, entretanto, tende a desacelerar em virtude da expectativa de menor estímulo ao plantio da safra 2023/2024 pelos preços estáveis das commodities. No ano que vem, não deve haver uma contribuição para o crescimento tão forte do PIB agro e a agropecuária não vai liderar o crescimento do PIB Brasil. Neste ano, teve safra excelente, enquanto qualquer risco meteorológico no ano que vem pode gerar problemas, apesar de que as perspectivas no momento ainda são muito boas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.