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08/Sep/2023

Montadoras brasileiras estão enfrentando desafios

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) demonstra preocupação com a "ameaça chinesa", tanto no mercado local como nos vizinhos atendidos pela indústria brasileira. A associação defendeu um limite às compras de veículos elétricos livres do imposto de importação, o que atingiria marcas chinesas que estão entrando com essa tecnologia no Brasil. Também reiterou a posição, não unânime entre as montadoras, de elevação gradual do imposto de importação, hoje zerado, dos carros elétricos para 35%. Levantamento aponta, em uma década, aumento de 4,6% para 21,2% da participação de produtos chineses nas importações de veículos em sete mercados atendidos pelas montadoras brasileiras: Argentina, Chile, Colômbia, México, Paraguai, Peru e Uruguai.

A entrada de produtos asiáticos, em especial chineses, é uma tendência "muito perigosa", além de um risco, por atingir não só destinos das exportações de carros brasileiros, mas também o próprio mercado doméstico. Os produtos chineses têm ganhado mercado não só no Brasil, mas também na América Latina, embora o Brasil pareça ser o foco principal. É natural em função dos subsídios e que os chineses têm em custo de produção. Então, a China é um player que entrou no mercado, e que entra no mercado com tendência de crescimento. O Brasil deixou de arrecadar, no último ano, R$ 2,2 bilhões pela entrada de veículos elétricos que são isentos de imposto de importação, sendo que metade desse valor, R$ 1,1 bilhão, corresponde a carros da China. Isso representa uma ameaça, pois o crescimento é exponencial. As importações de carros da China já chegaram a atingir entre 2,8 mil e 3 mil automóveis num único dia.

A Anfavea tem pedido ao governo uma regra de transição, na qual o imposto de importação dos elétricos voltaria a 35% em três anos, período no qual também haveria um regime de cotas para limitar as importações. O argumento da associação é de que a introdução das novas tecnologias deve acontecer junto com incentivo para que as marcas produzam no País. A mudança não seria abrupta, é preciso criar previsibilidade para acontecer naturalmente. Hoje, o imposto de importação é zero, sem data para mudar. A situação faz com que a importação seja mais vantajosa do que a produção local. A Anfavea também considerou que a queda das exportações de veículos (de 12,8% no acumulado de janeiro a agosto frente a igual período de 2022) traz um alerta, pois o setor, ao contrário do ano passado, não enfrenta mais limitações de oferta por falta de componentes eletrônicos.

A primeira explicação do recuo das exportações é a queda de 30% nas vendas para Chile e Colômbia, mercados que estão atrás apenas de México e Argentina entre os principais destinos dos embarques das montadoras. A segunda explicação, considerada a mais preocupante, é a invasão dos produtos asiáticos, principalmente chineses. Os carros brasileiros estão perdendo competitividade na Argentina, em função da desvalorização do peso e do imposto de 7,5% que passou a ser cobrado, no fim de junho, pelo país vizinho nas importações de produtos. Somando a alíquota do novo imposto com a desvalorização de 27% do peso a partir das incertezas relacionadas às eleições na Argentina, ficou em torno de 35% mais caro importar veículos na Argentina. O país é historicamente o principal destino das exportações brasileiras de automóveis.

Mas, os obstáculos na entrada de produtos, como a demora nas licenças de importação, fizeram com que esse protagonismo na balança comercial do setor diminuísse, a ponto de o México se tornar neste ano o principal consumidor de carros brasileiros no exterior. Em um mês, o efeito econômico para quem exporta para a Argentina foi de que o produto ficou 35% mais caro. Esse cenário leva à perda de competitividade da indústria brasileira na Argentina. O Brasil já iniciou tratativas com o governo argentino em busca de exceção ao imposto aplicado nas operações de câmbio para importações de bens e serviços. Como parte das medidas de ajuste fiscal anunciadas pela Argentina após o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), as alíquotas vão de 7,5% nas compras de divisas para importação de produtos, com algumas exceções, como combustíveis e insumos da cesta básica de alimentos, a 25% nos pagamentos de serviços fornecidos por estrangeiros. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.