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06/Sep/2023

Cúpula do G20 e as tensões entre os EUA e Rússia

A tensão entre Estados Unidos e Rússia, acentuada recentemente pela guerra na Ucrânia, está criando mais uma vez uma ‘saia justa’ para a organização do encontro da cúpula das 20 maiores economias do globo (G20). Desta vez, quem está na berlinda é o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, anfitrião do evento que ocorrerá neste final de semana, em Nova Délhi. Assim como ocorreu no ano passado em Bali, na Indonésia, não está prevista na programação dos dias 9 e 10 a tradicional "foto de família". É o momento do registro oficial dos líderes que participam do evento. Informações dão conta de que a delegação norte-americana se recusa a estar na mesma imagem da delegação russa. O presidente Vladimir Putin já anunciou que não comparecerá ao encontro e que seu representante será o ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov.

De qualquer forma, como Putin é considerado uma autoridade com ações intempestivas, há a preocupação de que ele acabe aparecendo "de surpresa", já que, na Índia, não há o risco de ser preso, como era o caso da reunião de cúpula dos Brics, que aconteceu em Johannesburgo, na África do Sul. Alguns países fazem parte do Tribunal Penal Internacional (ICC) e ele poderia ser detido pela guerra contra a Ucrânia. A Índia não faz parte do ICC. De qualquer forma, mesmo que Lavrov compareça em seu lugar, a situação seria a mesma. Apesar de não estar previsto o registro fotográfico, a Índia tenta ainda no campo diplomático manter a tradição. Esta será uma decisão a ser tomada na última hora do encontro.

O país anfitrião sempre tenta manter os protocolos do G20, como a questão da foto e do communiqué, o documento com a declaração consensual do grupo. Como os integrantes têm encontrado dificuldades em chegar aos mesmos pontos básicos, o texto final do documento tem sido fechado sempre nos últimos minutos do encontro. Ainda que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, pudesse ter uma posição de destaque nesse retrato de família, há uma avaliação de que o ápice da cerimônia deste ano para o Brasil será o momento da passagem do bastão, já que o País será sede do G20 no ano que vem. Aliás, Lula será a única autoridade, tirando Modi, com previsão de três discursos durante o final de semana.

A tradição do grupo é a de que haja sempre locais especiais na foto para a troika, formada pelo atual, o anterior e o próximo chefe de Estado ou de governo do país que recebe o evento. Em Bali, situação semelhante aconteceu e o registro não foi feito. Os norte-americanos e os europeus são os mais reticentes em aparecer numa foto oficial com representantes russos, mas há outras delegações que também se disseram desconfortáveis com a situação. Na Indonésia, Lavrov chegou a abandonar a reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros depois de dizer a suas contrapartes que a invasão da Ucrânia pela Rússia não foi a responsável pela crise de fome global e que as sanções destinadas a isolar a Rússia equivaleriam a uma declaração de guerra.

A Índia deve ser um dos países a ter o acesso mais fechado à imprensa, e mesmo autoridades de segundo escalão, entre os países participantes do grupo das 20 maiores economias do globo (G20), alegando estratégia para evitar ações terroristas em seu território. A imprensa internacional, que já passou por um pente fino para se credenciar ao evento, foi avisada de que não poderá entrar no prédio onde a reunião de cúpula ocorrerá e que os jornalistas terão de ficar em uma área a cerca de um quilômetro de distância do evento. A delegação brasileira pretende preparar uma entrevista coletiva com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tarde de domingo (10/09), após a reunião oficial, mas tem encontrado dificuldades de liberar a imprensa para participar do evento (Nova Délhi está 8h30 à frente do horário de Brasília). Apenas a imprensa oficial poderá acompanhar, ainda que com alguma distância, os principais passos de Lula por Nova Délhi. O mesmo ocorrerá com outras delegações.

A Índia tem argumentado que precisa elevar ao grau máximo sua atuação contra ataques terroristas porque Nova Délhi foi alvo inúmeras vezes de ações como esta. O país está entre os 10 com maior potencial no mundo de sofrer ações como este. Um dos atentados mais conhecidos na capital ocorreu em setembro de 2011 e matou 11 pessoas, deixando mais de 60 feriadas, depois que uma bomba foi deixada dentro de uma mala perto da recepção de uma das entradas da Suprema Corte do país, numa área muito movimentada no centro da cidade. O incidente ocorreu menos de dois meses depois que 26 pessoas morreram em outro atentado em Mumbai. O Parlamento e hotéis em várias cidades do país também já foram alvo. Com a chegada de líderes do mundo todo à região, a Índia quer afastar qualquer possibilidade de estragar o evento em seu território. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.