05/Sep/2023
Foi uma “blitz” do governo norte-americano. Em três meses, estiveram em Pequim o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, as secretárias do Tesouro, Janet Yellen, e do Comércio, Gina Raimondo, e o czar do clima, John Kerr, além de uma visita simbólica do veterano diplomata Henry Kissinger. A aposta do presidente, Joe Biden, é que os afagos amenizem a rivalidade crescente em temas como comércio, tecnologia e Taiwan. Na semana passada, vieram os primeiros resultados. A China concordou em manter conversas regulares sobre questões bilaterais. Para a Universidade da Pensilvânia, e este é o sinal mais promissor na relação entre Estados Unidos e China desde o início da pandemia. A economia, ponto de interesse mútuo, é crucial na reaproximação. A China tem muito a ganhar com a cooperação.
Seria um sinal positivo no momento em que o país asiático precisa se livrar da estagnação econômica e lançaria as bases de um aguardado encontro entre Joe Biden e o presidente chinês, Xi Jinping, em novembro, nos Estados Unidos. Até agora, no entanto, a China tem sido cautelosa demais. A estratégia pode ser reflexo da desordem interna após a demissão abrupta e inexplicável do chanceler Qin Gang, em julho. Ou pode ser o jeito que Xi encontrou para transmitir a insatisfação com o que ele considera um esforço dos Estados Unidos para ‘puxar o tapete’ da China. Mas, também poderia significar que o governo chinês não vê vantagens em negociar, dada a pouca chance de Biden abrandar sua política dura. Segundo a Asia Society Policy Institute, visitas aos Estados Unidos acarretam riscos políticos, especialmente se não produzirem os resultados que a China procura. O governo chinês, no entanto, anda ‘pisando em ovos’.
A China precisa reanimar sua atividade econômica depois do baque causado pela pandemia e pela desastrosa política de Covid zero. Até agora, porém, o resultado é ruim para os padrões chineses. Segundo a ESPM, para um país que já teve taxas de crescimento de dois dígitos, crescer 3% é pouco. Existe uma preocupação do governo chinês. Até porque Xi quer colocar a China em uma posição de maior protagonismo internacional. Para isso, precisa ter dinheiro. Então, ele tem interesse em melhorar a relação com os Estados Unidos. O clima é outro ponto que estimula a cooperação, principalmente após a visita de Kerry. É consenso na comunidade científica que o aquecimento global é um problema multilateral que exige uma solução conjunta. De todo carbono lançado na atmosfera, 14% são emitidos pelos Estados Unidos e 31%, pela China. O governo chinês promete neutralizar as emissões até 2060, mas rejeita a pressão norte-americana. Xi disse a Kerry que o caminho, o método, o ritmo e a intensidade para atingir esse objetivo será determinado pela China.
Para o Instituto Asia Society, a cooperação nessa área é crucial para conter a crise climática global. Os dois países poderiam trabalhar juntos em iniciativas como tecnologias de energia verde, redução de emissões e política climática. Outro atrito a ser resolvido é sobre o status de Taiwan. A ilha reivindica autonomia, mas é considerada pelo governo chinês como parte de seu território. A China considera que as visitas frequentes de autoridades de Estados Unidos e Taiwan, a venda de armas norte-americanas e os exercícios militares conjuntos equivalem, na visão do governo chinês, a um apoio à independência da ilha. Por causa de uma visita a Taipé da presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, em 2022, a China rompeu o contato com os miliares norte-americanos, mostrando que a questão geopolítica pode ser o obstáculo mais difícil de superar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.