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30/Aug/2023

China: medidas do governo têm efeito no curto prazo

O enfraquecimento do mercado acionário chinês parece ter finalmente pressionado o governo a fazer alguma coisa. No entanto, as últimas medidas para apoiar o mercado vão proporcionar apenas uma elevação de curto prazo sem medidas mais amplas para reforçar a confiança na economia. As autoridades chinesas revelaram uma série de medidas no fim de semana passado para impulsionar os mercados acionários do país, incluindo a redução pela metade do imposto sobre a negociação de ações, para 0,05%, e a diminuição das exigências para a negociação de margem.

O órgão regulador de valores mobiliários do país também reduzirá o ritmo de novas listagens e restringirá os acionistas controladores de determinadas empresas listadas de vender suas ações. O mercado parece estar gostando do sinal que a China está enviando: o índice CSI 300, que reúne ações listadas em Xangai e Shenzen, chegou a subir 5,5% na segunda-feira (28/08), embora a recuperação tenha se desvanecido mais tarde, já que o índice de referência fechou com alta de apenas 1,2%. As medidas serão familiares aos observadores de longo prazo dos mercados chineses.

Mas, historicamente, o alívio proporcionado por essas ferramentas tem sido de curta duração. Longe de sinalizar um retorno a uma mentalidade reformista, as últimas medidas apenas destacam os instintos do governo local de se intrometer nos mercados. Isso pode ser uma desculpa para os especuladores comprarem ações, mas, no final, pouco fará para atender às preocupações fundamentais dos investidores. O presidente do Banco Central do Brasil (BC), Roberto Campos Neto, ressaltou os entraves que indicam uma desaceleração da economia chinesa, principal destino das exportações do Brasil.

A China foi um dos lugares onde a volta da mobilidade, após as restrições da pandemia, gerou menos crescimento ou estímulo do que se imaginava. Há vários fatores atuando sobre a China, sendo que o mais razoável é haver uma desaceleração. A percepção é de que poderá haver um empobrecimento da população chinesa se o crescimento do país recuar para abaixo de 4%. Se essa possibilidade for confirmada, há dúvidas sobre como o governo chinês vai gerenciar o fim de um ciclo de prosperidade. Será preciso acompanhar como governo chinês lidará com povo que se acostumou a crescer.

Grandes empresas do setor imobiliário não estão conseguindo, novamente, pagar suas dívidas na China, na esteira da instabilidade gerada pela intervenção estatal no setor privado e a saída de recursos para países como Índia, Singapura e Vietnã, frente a uma mão de obra que deixou de ser tão barata na segunda maior economia do mundo. Os estímulos na China, assim como o corte de juros, foram insuficientes para debelar a crise imobiliária. Além disso, a população chinesa envelhece mais rápido do que o esperado e o desemprego entre os jovens, acima de 20%, também surpreendem negativamente.

Segundo a Capital Economics, a economia da China segue em risco de entrar em recessão, mas deve indicar leve crescimento nos dados de julho. A produção está estabilizada no país, mas a economia pode cair em uma espiral descendente muito em breve, a menos que políticas de incentivo sejam aprovadas ou expandidas. A expectativa é de crescimento trimestral modesto, com média anualizada de 3% no segundo semestre, pode ser otimista demais diante do atual cenário. Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.