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25/Aug/2023

México aproveita mudanças de cadeias produtivas

As interrupções nas cadeias produtivas em todo o mundo decorrentes da pandemia estão provocando uma mudança no modo de organização das multinacionais, que passaram a levar parte de suas fábricas para perto dos mercados consumidores. Diante desse cenário, o México surgiu como um dos principais beneficiários dessa transformação, conhecida como “nearshoring”. Além da proximidade com os Estados Unidos, o país passou a ser um destino potencial de novas unidades fabris por ter um tratado de livre comércio com seu vizinho e com a União Europeia, o que facilita as exportações. É ainda um local de mão de obra barata, cerca de 30% menor do que a chinesa. De acordo com dados apurados pelo escritório mexicano da consultoria Roland Berger, o custo médio por hora da mão de obra no setor industrial no México é de US$ 3,90 (por volta de R$ 19,00). Na China, é de US$ 5,60 (R$ 27,25). A atratividade mexicana para multinacionais, aliada ao “nearshoring”, despertou o debate entre especialistas sobre a possibilidade de a economia do país ganhar tração nos próximos anos.

Ao lado da Índia e do Sudeste Asiático, o México poderia ganhar relevância no cenário mundial. No caso do México, é alta a expectativa para a instalação de novas empresas e suas linhas de produção no país, que poderiam impulsionar a economia. O Morgan Stanley calcula que os investimentos podem chegar a US$ 46 bilhões (R$ 223,7 bilhões) até 2027. Neste ano, empresas como Tesla e BMW já anunciaram investimentos de, respectivamente, US$ 5 bilhões (R$ 24,3 bilhões) e US$ 869 milhões (R$ 4,2 bilhões). A Associação Mexicana de Parques Industriais Privados (Ampip) afirma que já é possível perceber sinais dessa onda de investimentos. A ocupação de parques fabris por empresas que se instalam no México para vender para os Estados Unidos passou de 350 mil m² em 2019 para 1,4 milhão de m² em 2022. Muitas dessas companhias são chinesas e começaram a chegar ao México primeiro por causa da guerra comercial entre China e Estados Unidos e, agora, em razão do “nearshoring”. Essas empresas não se interessam pelo mercado mexicano e mudam suas produções para o país para vender para os Estados Unidos.

No momento, 50 parques fabris estão em construção no México, um número recorde. Normalmente, seriam de 10 a 15. Das empresas estrangeiras que procuram a Ampip com interesse em se instalar no México, 43% são chinesas e 20%, coreanas. Grande parte delas atua em setores como eletrodoméstico, eletrônicos e, principalmente, automotivo. Para o Instituto Tecnológico Autônomo do México (Itam) há mais um indício de que a economia começa a se movimentar para receber novas empresas: o setor da construção civil registrou alta de 18% em maio na comparação com o mesmo mês de 2022. Nos Estados Unidos, também há um crescimento significativo em infraestrutura de manufaturas. As duas economias estão muito conectadas. Uma das vantagens do México é o fato de o país não apresentar desequilíbrios macroeconômicos, ao contrário da maioria dos países da América Latina. A Colômbia e o Chile, por exemplo, têm déficits elevados em conta corrente. No Brasil, há uma dúvida em relação ao comportamento da dívida pública no médio e longo prazo.

O país não tem problema de conta corrente, tem reservas, a política monetária tem credibilidade e a política fiscal não é um problema, afirma o Goldman Sachs. Se realmente se concretizar, a onda de investimentos não transformará o México em uma “nova China”, destacam os economistas, mas abrirá uma oportunidade para a economia avançar em um ritmo mais acelerado. Segundo projeções do Morgan Stanley, as exportações fabris anuais do país para os Estados Unidos podem aumentar de US$ 455 bilhões (R$ 2,2 trilhões) para US$ 609 bilhões (R$ 2,9 trilhões) nos próximos cinco anos. Isso faria com que o crescimento do PIB anual chegasse a 3% entre 2025 e 2027, antes, o estimado era 1,9%. Para 2023, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o Produto Interno Bruto (PIB) chegue a 2,6%. O México deve encerrar o ano como a 14ª maior economia global. Em 2024, deve subir para 13º lugar. Para a Austin Rating, essa melhora tem a ver mais com o demérito de outros países. No ano passado, o México ultrapassou a Espanha, que é um país com problemas severos de crescimento econômico. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.