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24/Aug/2023

Brasil atrasado na corrida da inteligência artificial

A inteligência artificial (IA) generativa sacudiu o mundo da tecnologia e vem provocando uma corrida entre as startups mundo afora, mas o Brasil não está acompanhando o ritmo. A disputa é dominada por companhias dos Estados Unidos. O país lidera os investimentos privados na área de IA, com US$ 47,4 bilhões aportados em 2022, e concentra os principais nomes da área, como os conhecidos Google, Microsoft, Meta, Amazon e Apple, além das novatas OpenAI (criadora do ChatGPT), Anthropic, Character.AI, Midjourney e Stability. Em segundo lugar na corrida, está a China, com US$ 13,4 bilhões, de acordo com relatório da Universidade Stanford publicado neste ano. Paralelamente, outros países buscam maneiras de entrar nessa disputa. Na França, a startup Mistral levantou US$ 113,4 milhões em junho. A Alemanha aposta na Nyonic e na Aleph Alpha, ambas em estágio inicial e em busca de investidores. A situação no Brasil é mais complicada. Embora o País seja o principal polo de tecnologia da América Latina, por aqui ainda não há nenhum grande expoente no setor de inteligência artificial generativa.

Um primeiro sintoma está na falta de capital para bancar esses projetos. Por característica da própria tecnologia (considerada uma “deep tech”, com uso intensivo de tecnologia), a IA generativa exige muita pesquisa, treinamento e teste até ir ao mercado, o que leva tempo e dinheiro. Segundo a Associação Brasileira de Inteligência Artificial (Abria), no Brasil, os fundos de capital de risco colocam dinheiro onde há o menor risco possível, e não em deep techs. O Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (UFG) concorda que o mercado de venture capital do Brasil não se dedica a deep techs, como a área de IA generativa. Como o capital de risco no Brasil é escasso, só é possível conseguir investimento para produtos mais finalísticos (próximo do consumo). No entanto, com a chegada do ChatGPT investidores de startups estão mais atentos a oportunidades. Foi bem notório o efeito pró-IA causado pelo ChatGPT. Isso já está impulsionando startups brasileiras. A Abria espera surfar nessa onda.

A startup Nama, fundada em 2014, está à procura de investidores para impulsionar o negócio da companhia. A firma utiliza inteligência artificial generativa para criar robôs de bate-papo para empresas, utilizando um modelo amplo de linguagem (LLM) próprio, treinado com dados brasileiros. Para 57% dos empreendedores de startups do País, a escassez de talentos é o maior obstáculo no desenvolvimento da área de IA no Brasil, segundo estudo do Google for Startups publicado em outubro de 2022. Outro problema para as startups brasileiras é a competição com grandes companhias nacionais ou estrangeiras, que pagam em dólar ou euro. Para o relatório do Google, isso pode levar o Brasil para uma “periferia tecnológica iminente”. De acordo com o estudo, com mercado escasso, competitivo e no seu auge, a baixa oferta de profissionais leva a propostas “desleais”. A Munai (startup brasileira que aplica IA generativa na área da saúde), relata passar por esse problema e considera a própria companhia como uma “empresa-escola”. A empresa conseguiu contratar pessoas com alto potencial ao final da graduação e, conforme essa pessoa vai ganhando experiência, ela consegue emprego fora do País. Não é possível mantê-la.

Especialistas apontam outro problema comum às startups do Brasil: falta de uma “cultura de dados”. A expressão refere-se à etapa anterior à construção de qualquer inteligência artificial, que exige grandes volumes de informações para funcionar. Não é possível desenvolver uma inteligência artificial sem um LLM e, portanto, sem dados, afirma a Universidade de São Paulo (USP). É comum esbarrar em executivos do alto escalão que não têm conhecimento sobre como colocar de pé uma IA. É desestimulante estar em um processo seletivo e ver que as lideranças não sabem o que é ciência de dados nem aprendizado de máquina. Apesar dos entraves, o País é considerado um terreno fértil para o mercado de tecnologia. Segundo o Insper, ainda dá tempo de o País ser relevante no mercado de IAs generativas. Uma saída é realizar parcerias com grandes empresas do ramo, como OpenAI e Google. Pode-se usar o que já existe das big techs para alavancar as grandes oportunidades. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.