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23/Aug/2023

As vantagens competitivas do Brasil ante o México

Especialistas de três pontas da cadeia exportadora debateram, na Conferência Anual do Santander, as oportunidades para o Brasil com o nearshoring, como é chamada a transferência da produção destinada ao mercado norte-americano feita na China para países mais próximos aos Estados Unidos. No palco, uma grande indústria exportadora, uma agência de promoção à essa atividade ligada ao governo e um sindicato setorial, Apex e Sindipeças falaram das vantagens competitivas do Brasil em relação ao México, principal destino dos investimentos dos Estados Unidos nesse movimento. Entre as principais conclusões, está o fato de que, apesar da proximidade física maior e do acordo comercial, que reduz tarifas de importação entre os dois países, o Brasil tem uma série de vantagens que tornam a produção mais barata. Porém, o grande diferencial do País é o 'powershoring', que é a capacidade de usar energia barata e limpa, com pegada zero de carbono, para produtos destinados à exportação.

O Brasil já está se posicionando como potência global no powershoring. Com três fábricas no México, num movimento impulsionado por grandes clientes norte-americanos, a Tupy tem hoje 55% de seu faturamento, que deve ser de R$ 13 bilhões este ano, provenientes dos Estados Unidos. O que beneficia sensivelmente o México é o sistema tributário que é mais eficiente para a produção. A empresa consegue recuperar impostos de itens destinados à exportação de maneira mais rápida no México, o que evidentemente se reflete no preço final. Porém, o custo logístico de exportar de Santa Catarina é menor do que mandar as mercadorias do norte do México para o leste dos Estados Unidos. Por fazer parte de um bloco, as empresas instaladas no país têm vantagem competitiva, mas em relação à operação em si, a competitivos no Brasil é maior.

As commodities minerais usadas nas peças que fabricam e que equipam máquinas e caminhões montados por empresas como Caterpillar, CNH, Scania e Mercedes, entre outras, são mais baratas no País, bem como a energia que, além de tudo, é limpa. A energia chega a ser 40% mais barata no Brasil do que no México. Já os encargos são parecidos, mas o custo final de produção maior é no México. Outra vantagem brasileira é que os funcionários são mais bem preparados, graças ao treinamento recebido em unidades do Senai e dos centros federais e escolas de ensino técnico. As empresas têm que investir muito no México na formação adequada da mão de obra. Há também um número grande de expatriados para a manutenção de máquinas, programação de robôs e para lidar com equipamentos mais sofisticados, que só foi possível treinar no Brasil. Há em curso uma mudança estrutural nos Estados Unidos, ligada à Lei de Redução de Inflação (IRA).

Ao contrário do que se poderia supor, ela não é voltada ao controle monetário, mas sim à criação de barreiras à entrada de mercadorias nos Estados Unidos, cuja produção não tenha pegada de carbono zero. A implantação será em fases e a lei cobre diferentes setores, à medida que os anos vão passando. Em pouco tempo, será quase proibitivo (em termos financeiros) exportar para os Estados Unidos e essa capacidade brasileira poderá ter maiores efeitos do que um acordo comercial entre Brasil e Estados Unidos poderia produzir. O movimento de importar apenas produtos carbono zero, que já é realidade também na Europa, tende a chegar à China. Diante dos desafios da redução do aumento das temperaturas globais do Acordo de Paris, há oportunidade excelente de relocalizar parte do processo produtivo do Brasil, em função da disponibilidade de energia limpa. Os debatedores ressaltaram a importância da reforma tributária no reposicionamento do Brasil na cadeia exportadora, em relação à transparência e previsibilidade às empresas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.