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22/Aug/2023

China: preocupações com desaceleração econômica

Sinais de desaceleração da economia da China ganharam um novo estágio em meio a crises de grandes empresas imobiliárias do país. Enquanto a gigante Evergrande Group protocolou pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos (Capítulo 15 do código de falência norte-americano), a Bolsa de Hong Kong anunciou na sexta-feira (18/08), a remoção da incorporadora imobiliária Country Garden do índice Hang Seng, pouco após ela sair da Bolsa de Xangai. Entretanto, além destas questões, investidores também seguem o contexto de problemas recentes da gestora Zhongrong International Trust, que é conhecida por financiar projetos de construção de incorporadoras da China. Segundo a Dow Jones Newswires, quatro produtos de trust da gestora deixaram de pagar US$ 14 milhões para três companhias publicamente listadas.

Após o calote da empresa, a gigante de gerenciamento de riquezas Zhongzhi afirmou que enfrenta uma crise de liquidez, durante encontro com investidores. Segundo reportagem da Reuters, a empresa tem exposição considerável ao setor imobiliário chinês. Foi nesse ambiente que a China anunciou detalhes sobre o lançamento de novas medidas que visam fortalecer os mercados acionários e de títulos do país, em mais uma tentativa de tentar impulsionar a confiança de investidores. Para a Gavekal Research, há uma preocupação de que o país esteja passando por um "momento Lehman", que ameaça a solvência do sistema financeiro da China. A boa notícia é que a vigilância regulatória significa que uma reprise da crise norte-americana de 2008 é improvável. A má notícia é que as tensões da dívida de incorporadores imobiliários e veículos de financiamento do governo local estão se espalhando pela economia da China.

A Capital Economics destaca, entretanto, que o setor já passou por um ajuste doloroso e seus problemas já foram precificados. É improvável que o impacto dos problemas do Country Garden seja tão severo quanto as consequências do calote do Evergrande há dois anos. Entretanto, a Capital Economics avalia que, ainda sim, com a economia em pior estado agora do que antes, até mesmo um impacto menor pode ser desestabilizador. A abordagem do Banco do Povo da China (PBoC) tem efeito limitado no quadro atual e não é suficiente, em si ao menos, para colocar um piso no crescimento do país. Nesta segunda-feira (2108), o PBoC reduziu a taxa de referência de 1 anos (LPR) de 3,55% a 3,45%, mas manteve a LPR de 5 anos, em 4,20%. Os cortes de juros do PBoC nos últimos dias ocorrem em meio a crescentes preocupações entre formuladores de políticas sobre a saúde da economia da China. Havia ampla expectativa por um corte de 15 pontos-base na LPR de 1 ano, portanto a redução ficou abaixo do esperado.

A Capital vê os formuladores de política ainda se importando com o câmbio, como evidenciado por intervenções recentes no mercado cambial, mas agora eles parecem mais preocupados com a economia. Isso não surpreende, após índice de preços ao consumidor (CPI) negativo recente, com o crescimento do crédito extremamente contido e estagnação na atividade e nos gastos. De qualquer modo, o PBoC parece adotar uma abordagem cautelosa para a política monetária. A manutenção da taxa de 5 anos sugere que o PBoC busca um equilíbrio entre apoiar a atividade e responder a preocupações com os bancos, que sofrem com juros mais baixos e a queda na lucratividade. Os cortes recentes do PBoC têm impacto limitado, mas deve haver outras medidas, como corte no compulsório, para relaxar mais a política. Ainda assim, a expectativa é de apenas apoio modesto ao crescimento do crédito e à atividade econômica mais ampla. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.