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18/Aug/2023

Entrevista com Ilan Goldfajn – presidente do BID

Em busca de mais recursos para financiar a preservação e ações sustentáveis na Amazônia, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, diz que é possível “mudar o patamar” do volume de recursos destinados à região. Para atrair os investidores, ele defende que se discuta a possibilidade de criação de green bonds amazônicos, títulos que seriam emitidos pelos países da região e vinculados a metas de preservação. “Se mostrar credibilidade, dá para usar um patamar com esses instrumentos financeiros. Um deles são os bonds amazônicos, ligados a indicador regional”, disse Goldfajn em passagem pelo Brasil, onde participou da Cúpula da Amazônia, entre os dias 8 e 9 de agosto. Segue a entrevista:

Qual o papel do BID na discussão de projetos sustentáveis para a Amazônia? Fala-se de doações de países ricos, investidores interessados. Como o BID entra nesse processo?

Ilan Goldfajn: O que o BID pode fazer é basicamente ser um instrumento de ações concretas. Esse é o momento no qual temos uma inflexão política, e isso leva a uma nova oportunidade. O BID já está na região há muito tempo. Temos conhecimento da região e temos projetos no chão e ações concretas que podemos fazer. De um lado, podemos trabalhar e coordenar vários e diferentes atores e, de outro lado, fazer com que esses atores implementem claramente os objetivos.

Qual o próximo movimento do BID para agregar, juntar esses atores, que pode resultar em novidades e financiamento à região?

Ilan Goldfajn: Vamos reunir os ministros da Fazenda, do Planejamento, da região e do restante do mundo, os doadores, e sentar juntos em setembro, em Santiago de Compostela (Espanha). E vamos falar como financiaremos os novos projetos e como criaremos uma rede por meio da qual eles vão se falar para organizar os seus diferentes projetos.

Qual a sua ambição em relação a esse encontro com potenciais países doadores?

Ilan Goldfajn: Precisamos mudar o patamar de recursos para a região. Se mostrar credibilidade, dá para usar um patamar com esses instrumentos financeiros. Um deles são bonds amazônicos, ligados a indicador regional. Dá para organizar isso. É preciso também ter escritórios de projetos na região e gerar redes de cooperação. Por exemplo: trabalhamos um ano e pouco para desenhar uma emissão com o Uruguai. São bonds sustentáveis ligados a indicadores. No caso do Uruguai, você tem dois indicadores: o indicador de desmatamento e o de emissão de carbono. Parece fácil falar isso, mas (é preciso definir): qual o indicador? Como é que você monitora? Então você tem de desenhar isso. Por que esses indicadores são importantes? Porque, quando você emite um indicador bem concreto, isso dá uma reputação e uma percepção de que você está incentivando um investidor preocupado com ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança). E está o BID por trás dizendo: esse indicador é bom.

Quando o sr. menciona a nova realidade política da região, está falando do Brasil e de que outros países?

Ilan Goldfajn: Tem um novo governo aqui (no Brasil), tem um novo governo na Colômbia, e tem os países da região olhando essa questão, com uma nova energia.

Fonte: Broadcast Agro.